quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Não amanha!




Hoje sonhei que era livre e mulher, ou será que sonhei que ainda era a tua menina de caracóis. Nem sei bem o que sonhei, foi assim uma noite que deambulei ente o não amanha e o ontem.

Assim numa inquietação, uma réstia de passado doce, não o suficiente para dormir um sono reparador.

Falta-me essa força impulsionadora de vida, essa luz que me oriente e me leve ao meu caminho.

Faltas-me tu Mãe, faltas-me tu Pai! Falta esse porto seguro onde possa descansar e voltar acreditar. Essa época complicada apenas por tantos modelos pré-fabricados e instalados. Assim parecemos robots dessa pseudo sociedade histérica, que nem no último sopro, ousa tentar nem que seja uma leve mas corajosa medida.

Sim sigo a mesma vida atribulada e só, assim desgarrada de vontade de vencer, fui-me apagando, murchando…

Essa época de luzes às cores confunde-me, enerva-me, irrita-me ficar assim a levitar, a meditar nessas razões obscuras, nessas movimentações lamacentas da suposta instituição, que dá pelo nome de família directa. Altura de fechar contas, balanços, atitudes com carácter definitivo, decisões inabaláveis que existem apenas para nos sentirmos mais gente.

Será assim tão difícil ser gente?

Adormeci nesse sofá de sempre. Havia pouca luz, a lareira crepitava calor de gente. Deitada no teu colo, lutei para não adormecer, queria ver o teu ar concentrado a ler esses volumes grossos. Mas embalada nesse mundo seguro e terno, fui assim deixando-me ir….

Essas datas que faz anos que partiste, não consigo deixar de ficar agarrada a essa melancolia…essa dor de solidão de quem perdeu esse lugar, essa referência, esse mundo em que havia sempre mais uma etapa, mais uma chance, mais uma oportunidade.

Um dia destes….


Maria Sá Carneiro

domingo, 11 de dezembro de 2011