quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lua!

Não consigo adormecer, da minha janela vejo a lua, linda, branca e pura como esse amor que sempre sonhei encontrar desde menina. Recordo a cor do teu abraço forte, vejo o brilho dos teus olhos, o teu beijo doce, enquanto me encosto no teu colo seguro. Queria saber escrever aqui e agora a esperança que me dás quando me envolves nos teus braços. Queria nesse momento matar em mim todos esses fantasmas do meu passado/presente, essa luz escura que se apossa de mim, quando menos espero. Essa sensação de pânico de me voltar a perder no labirinto escuro, que me puxa e repuxa, roubando-me a minha vontade própria. Nesses dias em que me forço a sair da cama, arrastando-me para a vida, como um saco guiado pela dor, incapaz de ver o sol, o arco-íris e a magia que a vida pode ter. Sei que não é fácil de apreender o que tento explicar… Mas é a maior verdade que transporto em mim.

Acordo com o sol forte e quente a bater na minha janela, é bom acordar em nós. Suspiro porque sei que te vou abraçar. O rio espera-nos nesse passeio de sonho, nessa viagem programada desde o momento em os nossos olhos se encontraram. Sinto-me uma criança de tão excitada que estou em nós. Finalmente vamos alcançar rio acima os nossos momentos de refúgio, de ternura. Dobro a toalha de xadrez que sei que te vai encantar, as tuas cores preferidas! Vamos ter essa conversa há tempo demais adiada! Sinto esta viagem como um encontro marcado desde sempre e para sempre.

Nesse balanço ainda trémulo de equilíbrio precário, sou como uma criança a dar os primeiros passos, um de cada vez, pequenos passos, a tentativa de uma viragem de vez, da corda bamba em que sempre me fui desequilibrando. Tanta gente teme essa franqueza e coragem de balançar ao som de uma brisa por vezes quente, por vezes gelada. Não temo rótulo algum, apenas procuro a minha verdade, sem presunção nenhuma, sem vontade de chorar, apenas de aprender a lidar comigo e a acreditar.
Assim sigo contigo, a construir uma verdade que não seja de sangue e dor!
Maria

sábado, 24 de abril de 2010

Sempre!

Procurei em toda a cidade mas não encontro a tua fábrica dos sonhos. Vou jurar que fui direita à rua que me falaste. Sei que não me enganei, tal e qual como me descreste. Uma rua estreita de bela, povoada de carvalhos lindos e robustos como tu. As casas alinhadas na perfeição como a tua habitual exigência. Pintadas de cores discretas como tu, muros de granito, gente com aparência tranquila, sem pressa, mas determinada. A rua só podia ser aquela, o sol devagar devagarinho ia se deitando no horizonte, pintalgando o céu de laranja/azul/celeste/mel!

Ao fundo nascia a lua esplendorosa e pujante, era o cenário perfeito que tantas escutei no teu silêncio brilhante, na tua expressão serena e expressiva do teu olhar. Sentei-me naquele banco do jardim que sei que era teu de direito, fui olhando calmamente de casa em casa, tentando vislumbrar o tão desejado sonho. Conseguia ouvir o teu murmúrio doce, aquele apelo que guardo na minha alma até hoje, que iria ser feliz. Os pássaros chilreavam embalando-me assim de suspiro em sorriso, ao recordar-te.

Percorri a rua de lés a lés, na esperança de te encontrar, escutei as nossas conversas de sempre e para sempre. Lembrava-me de cada detalhe da tua descrição. Estavam lá todos os pormenores do nosso passado, arco-íris de abraços fechados, maresia de conversas francas que muito me ensinaram, a ser assim simples e disponível para amar.

No fundo sabia que o sonho estava era mesmo dentro de mim, vivo em nós, nesses momentos que fizeram de mim, uma pessoa melhor.

Vou guardar-te para sempre, e continuarei a visitar a tua fábrica dos sonhos!
Maria Sá Carneiro

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dor!

É um vazio imenso, um nó que me bloqueia a garganta, castrando até a minha vontade de tossicar. Qualquer gesto que procure para aliviar esta dor profunda, não o encontro! Não me restam forças para nada!

Luto contra essa apatia a que o meu corpo se entregou, tento não me vergar a ele. Está cansado, estafado, esvaziado de qualquer sentido, desde que me abandonaste. Desde esse dia que me perdi da vida, do canto dos pássaros, do cheiro da maresia e da luminosidade da lua.

Sinto-me dividida na pessoa que te ama e no bebé que tantas vezes adormeceu no teu colo, fiquei presa no teu beijo doce, no teu cheiro intenso e no teu abraço fechado. Estou no mesmo sítio em que me largaste. Aí defino de ti em mim. Tenho saudades de me entregar a ti, de te sentir entrar em mim, desse momento mágico da união dos nossos corpos/almas/corações.

Como fui feliz nesse nosso sonho contigo. Aqui continuo amarrada a nós, atracada no mesmo sítio, entre a morte que me vai chamando, e vida que se arrasta cada vez mais entediante e dolorosa.

Não fui capaz de te fazer feliz, tomei-te como parte do melhor de mim, entrelacei-me em nós, entreguei-te a menina perdida de toda a minha infância, na esperança de uma vida melhor.

Assim decido partir de vez desse sacrifício maior do que as minhas forças, procuro na escuridão do desespero a coragem de me lançar nesse abismo libertador, na última viagem para adormecer na paz, sonhando que estou na nossa cabana de sempre, esperando o copo de leite morno, de quem verdadeiramente cuidou de mim.

Cobardia? Não creio! Apenas coragem de ser livre para escolher não sobreviver ao melhor que jamais senti!
M

quarta-feira, 21 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cabana!

Anunciaste-me durante todo o dia que me aguardavas com uma surpresa. Reconheço que foi mesmo uma grande surpresa. Indaguei-me ao longo do dia no que seria. Nessas pequenas ilhas temporais em que consigo recolher-me em nós, no meio da azáfama do dia de trabalho.

Mal abri a porta do nosso refúgio deparei-me como uma decoração vanguardista. Tinhas construído dentro da sala, uma cabana. Como consegues no meio de tantas contas e números, fugir assim para nós?

No meio do meu estado de estupefacção, vislumbrei o teu sorriso aberto e franco, o brilho dos teus olhos esverdeados de mel! Como queria ter essa tua força para fugir para dentro de nós, em vez de fugir em frente. Mergulhar no melhor de nós, em vez de me arreliar tanto com as contrariedades.

Ainda me sorrio e me perco nessa surpresa de amor que só podia partir de ti. Como me sinto mais leve, mais amada e mais completa. Que noite de amor e de cumplicidade!

Queria ter essa disponibilidade constante, nessa inconstância que só em ti conheço. Nunca encontro em ti mais do mesmo, mas sempre mais e melhor. Esse balanço desequilibrado que me envolve e me faz querer-te sempre mais e mais. Contigo aprendi a voar, mesmo que sentada no nosso jardim de sempre, a planar em cima do mar num pequeno passeio de carro, já noite adiantada, para ver a lua esplendorosa em cima do mar a meio da noite mesmo assim de pijama e tudo!

Ainda oiço o teu murmúrio doce na história que inventastes para me embalar, como vibra a tua voz de emoção, nesses pequenos contos, misturas de colo e dor, recordações de infância dorida mas vivida, repleta de amores e paixões de quem viveu desde o amor ao ódio.

Assim me prendeste nesse balanço doce sempre pintalgado pela tua saudável loucura de nunca te renderes a essa rotina que nos vai tornando indiferentes ao melhor de nós!

Sigo sempre nessa viagem de nós contigo!
M

domingo, 18 de abril de 2010

Nojo do sangue!


O meu nome é António. Cheguei aqui a esta cela há três dias. Este pequeno espaço escuro onde viverei nos próximos anos, ou quiçá para sempre. Tenho momentos de lucidez, suponho. Este espaço é pequeno demais, escuro demais! Tenho a certeza que o pouco que resta de límpido da minha mente se vai esvair nestas paredes húmidas. Estou aqui porque fiz justiça! Justiça mesmo, e não essas construções histéricas de homens que se julgam sábios para avaliarem, cenas obscuras e hediondas.

Mas sei que me amas, e quero contar-te a minha verdade.
Tinha eu cinco anos, caracóis louros, e a inocência dos meus olhos azul/mar, quando assisti pela primeira vez àquela cena que foi o fim da minha infância, e que se repetiu vezes demais. Quando vi projectada o que a minha vida seria ao ralenti! Meu Pai chegou a casa bêbado, eu e minha Mãe assistíamos ao concurso “Vaca Cornélia”, ele entra assim do nada e começa a espanca-la, ainda oiço aquelas pancadas ensurdecedoras, como a cabeça dela fosse a qualquer momento sair dos ombros e embater contra a parede. Ainda sinto o sabor do pânico colado no meu céu-da-boca, metálico com um travo a sangue escuro que se me entranhou na alma para sempre.

Hoje sonhei que me esvaia sangue escuro, que me colava a estas paredes, desaparecia nelas, misturava-me com elas, e delas saia sangue, muito sangue… Meu e todo esse sangue salpicado pelas pancadas brutais infringidas a minha Mãe. A minha cabeça lateja nesse som brutal!

Ainda acordo com esse cheiro de melaço de álcool e puta entranhado em casa!

Dizem que sou louco, louco?

Desde sempre que soube que tinha que o matar! Algum dia tinha que o parar! Anos e anos de sangue, suor e lágrimas! Ainda escuro os gritos e gemidos da minha Mãe na surdina na noite, aquele barulho da porta abrir, o medo a entrar em nós!

O sangue volta a cobrir-me, volto a misturar-me com essas paredes húmidas, o sangue jorra e não estanca até me levar, nessa viagem sem retorno.
Louco eu?
Maria Sá Carneiro

Não Ria de Mim

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Símbolos!

Aqui sentada no teu jardim de sempre, no recanto que tão genialmente alcançaste construir para as minhas conversas escritas, sinto essa brisa fresca que és na minha vida. Como o teu amor é capaz de me impelir para a vida e me resgataste da minha própria morte. Com uma doçura firme me retiraste desses atalhos em que eu me enrodilhava, para calar a minha dor. Dor de desamor, dor de amores excessivos, sem sequer serem dignos desse nome. Aqui nesse meu mundo, que me deste com tanto carinho e sem nada pedir em troca, sou finalmente, Eu!

Serena como jamais pensei ser, tranquila, busco em nós a minha essência de criançola desavinda com o mundo, faço como uma marcha a trás tranquila, sem medo. Já não brigo de noite com a criançola que há em mim, mas ainda a sinto entrar no quarto.

É um arrepio que lentamente me percorre a espinha, mas já não a temo, sei que posso contar incondicionalmente com o teu esperado colo. A criançola ainda tentou abater em mim essa esperança e alento que nasceu. Sem êxito algum! Assim sigo com os meus botões no teu/nosso recanto, polvilhado aqui e acolá com a tua alma criadora, de quem sempre esperou a minha chegada. Como se a vida te tivesse embalado para este momento, absolutamente mágico. Contigo aprendi que não carece mais nenhuma prova que mereço viver, consigo finalmente interiorizar que não há razão para me dirigir para a minha morte, porque isso jamais os trará de volta. E mais importante do que tudo, eles querem que eu viva em nós.

Assim devagar tomo consciência que nada devo à morte, mas que devo a todos esses que a vida tolheu de mim, viver por eles e em eles, através de nós. Aqui vou pensando lenta e docemente nos nossos símbolos, preciosas muletas das minhas internas e eternas feridas.

E no fim de cada correria diária, volto a nós!
Maria Sá Carneiro

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Noite!

Espelho que me perseguiste noite fora, imagens distorcidas, agora gorda ora magra, ora comida pela doença, mãos disformes, olhos arregalados, perdidos de dor, olhar preso no passado/presente, olhos desmaiados na cor, esbatidos pelo medo do futuro. Essa dor de solidão, medo de não ter a quem contar, as minhas dores, os meus medos… Ou simplesmente não sentir o toque de uma mão aquecida por um sorriso franco e aberto, e não uma pena qualquer… Pena que gostava de ter força anímica para odiar, mas nem isso sou capaz. Fui sempre de convicções seguras e fortes, razões esclarecidas, resposta pronta e afiada, mas cansei-me e embrulhei-me neste estado vegetativo/solitário. Assim noite fora, esse espelho vai-me levando nessa viagem com cheiro intenso de não retorno, para o abismo. Inquieta vou-me mexendo e remexendo nessa cama/cela, onde me fazes sofrer! O dia teima em não nascer, apenas quero sair deste buraco negro, dessa solidão assustadora, quero ver a luz do dia, que me dê algum sentido para buscar algum alento, ora na luz, ora no mar, ora no sentir do simples pulsar da vida exterior. Não entendo porque me tentam levar, arrastar, já me entreguei há muito a essa força demolidora de simplesmente ser só! Vislumbro reflexos de imagens torcidas de gente que a vida me roubou, arrastou para o nada, de mim, Será que as vou alcançar nesse espaço negro, estendo a mão tentando estabelecer contacto com elas, mas o espelho impiedoso volta a meter-se na minha frente, impedindo-me de prosseguir, outra viragem abrupta, perdi noção dessa viagem diabólica… Vou tentando abrir os olhos, para me projectar para a vida.

Amanhece, o sol rompe pelas frestas da persiana, os passarinhos chilreiam.
Devagar abro os olhos em ti, sinto o cheiro da erva cortada, o sol desponta numa manifestação de alegria e vida. Finalmente vou acordando dessa noite comprida e sofrida! Lembro-me de ti, do teu sorriso que tanto tem de tímido como de alegria. Afinal ainda há vida, porque te encontrei!
Maria Sá Carneiro


Música escolhida pela Luísa:
Mariza - "há uma música do povo"
http://www.youtube.com/watch?v=BdHbQBvgyQ0

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Piquenique!

Sonhei de nós! Assim como só nós sabemos! O projecto combinado e muitas vezes adiado finalmente alcançado. A coragem de dispor de tempo um para o outro. A força de deixar o amor fluir e espalhar-se em nosso redor.

Eu e tu nesse rio que tantas vezes me descreveste! Não posso deixar de te contar, que não encontrei novidade no que vi. Bem sabes que já tinha vislumbrado essas enseadas, recantos e reflexos pelos teus olhos. Senti sim, a força do silêncio dos teus sítios, o brilho dessa água verde embebida pela tarde solarenga. O brilho dos teus olhos, o teu contentamento, o teu chamamento para o nosso amor. Como parecias criança com o brinquedo desejado desde sempre, dado pelo abraço caloroso daquele pilar da tua infância toda, nesse momento entendi o que era o amor sereno.

Cansada de amores urgentes, desesperados pela saudade, pelo ciúme, pelas comparações eternas do incomparável! Suspirei nesse abraço fechado, nesse encontro construído pela paciência, pela esperança de uma vida melhor, sem pressas nem atropelos!

O barco subia lentamente em nós rio acima, embrulhados no nosso silêncio cúmplice, fomos assim nos entregando, ao nosso espaço dentro do nosso tempo. Tempo sem exigências, contrapartidas ou frases inacabadas. Tudo parecia claro e transparente, bem alicerçado. Paz finalmente encontrada após anos fustigados pela tempestade da correria para um abismo afectivo.

Mão entrelaçada uma na outra, assim fomos conversando sem gastar palavras já tão banalizadas, em despedidas apressadas. Finalmente ficava no lixo, as medidas qualitativas ou quantitativas, apenas nós no sítio certo, na hora desejada. O teu sorriso embrulhado no meu.

Embarcamos?
M

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Verde/verde!

Por muito que tente fugir de ti, desse teclado que me chama, me puxa, para que te escreva e me organize. Páginas e páginas de direito de trabalho, horas certa de mostrar a suposta sabedoria não são o suficiente para me motivar. A necessidade como um murmúrio doce de nós, num balanço quase sistemático de fugir à loucura. Loucura que só valorizas quando ela te enche de beijos, te mostra o caminho das estrelas, envolvido nesse brilho da lua reflectido no verde-mar. Loucura que não exclusivo de uma secção para melhor uso de nós, loucura palavra que tanto medo causa, e que eu tanto gosto.
Loucura/paixão, loucura/dor, loucura/sede, seja ela loucura é o que me basta! Como algo puro que pode ser uma onda de mar salpicado com gotas de algodão doce, ou apenas água gelada e salgada, que imediatamente me transporta para a realidade da minha própria prisão em que me fiz órfã de mim mesma. Lamúrias e risos vão-me arrastando por essa calçada onde não encontro quem procuro. Mas realmente saberei o que procuro?

A ti encontrei-te quando menos esperava, assim do nada e no tudo! Deves pensar que já tive dias mentalmente mais saudáveis, diria que oscilo na fronteira de me perder de vez, e de te encontrar, loucura! Dirás com alguma censura mental, que tenho a mania. Talvez tenhas razão, mas confesso-te se fosses capaz de entrar na minha pele, entranhar-te na minha alma, escutar o meu pensamento, certamente me dirias que não sou assim tão inconsciente no que toca ao vibrar do mundo. Reconhecerias que estou atenta, sempre na observação, hilariante demais, critica demais, mas sempre disponível para dar aquilo que me falta, e àquilo que não fui capaz de alcançar em criança. Entenderias que estruturar a nossa essência, o nosso crescimento no meio de amor/ódio é algo tão complexo, como naquilo em que me tornei para não me entornar.

Está sol e uma brisa agradável, sonho que tocas à minha porta e me levas deste labirinto, onde já não quero estar. Me entrelaças a mão, como quando era criança. Voltas já com o peso da idade, cabelos brancos, mas sempre lindo! Levas-me a passear à beira-mar, contigo volto a sonhar que um dia terei a tua força e coragem, a qual sempre comparei a esse mar, onde privo contigo para sempre.
Verde com verde!

Maria Sá Carneiro

sábado, 10 de abril de 2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Menina!

Escrevo-te estas linhas, porque decidi calar-te em mim, de vez. Sim, custa-me e dói-me! Mas já não aguento o teu sorriso doce perante esse colo em que te deitas e me viciaste. Não sobrevivo mais ao teu entusiasmo desmedido em que vives, sempre sobressaltada para ires. Vives assim encantada, bamboleando-te nessa corda frágil que é o meu equilíbrio, de si ténue. Assisto daqui sentada à inquietude do teu verde-mar, contemplando o telemóvel ansiosa pelo chamamento do teu colo/regaço.
Qualquer toque ou retoque te faz feliz, pulas e saltitas à minha volta, tentando arrancar-me um sorriso de esperança. Fico assim no meu eterno sem jeito, mirando-te, tentando resistir-me a ti, nessa tua entrega a verde-mar.
Acreditas puramente nesse colo/regaço, vibras com rebuçado/sorriso, festa/beijo, vives para esse momento. Essa espera leva-me ao desespero, remete-me para um passado /presente, em que já me cruzei com essa imensidão de amor verde salpicado pelo mar, em que fui roubada desse abraço/regaço. O dia desse assassinato vive em mim como passado/presente, num não futuro, como uma nuvem que a qualquer momento se evapora entre os dedos.
É dessa iminente e constante perda, na qual me embrulho, sofro e faço sofrer! Sei que não me entendes, que me vais censurar por eu não ser suficientemente forte para viver em ti essa esperança, não ser leve para voar apenas na tua alegria, no teu desejo verde-mar, colo/regaço.
Sei que não aguento outra partida…
Maria

domingo, 4 de abril de 2010

Não há coincidências!

Sinto-te à espreita de mim há muito tempo. Sei que tens andando sempre por aí. A vigiar os meus medos, as minhas inseguranças… Sim sei que são muitas. Confesso-me a ti todas as noites no meio do meu choro de bebé embalado na esperança de que apareças com o teu sorriso aberto.

Não há mesmo coincidências…Não te encontrei por acaso! Foi para colmatar essa dor de criança, mas sempre te esperei, sempre! De várias formas, com várias aparências, vestes mais ou menos complicadas, mas sempre com um colo para mim!

Na minha imaginação foste-me seguindo nessa estrada da vida, mirando o meu andamento, sempre com esse abraço na esquina, à espreita! Não foi por acaso que nos reencontramos, não foi coincidência, é merecido que quem venera o amor, que se dá assim…Apenas por um abraço, um momento, um sorriso. Um café no meio de nada que vale tudo que sei que guardaste só para mim!

O tempo foi seguindo assim sem pena de quem se perdeu, mas que guardou esse momento para nos juntar de novo, numa união fraterna para sempre. Eu estou aqui para ti, quando, onde quiseres.

A vida vai unindo as pessoas que acreditam na essência daquilo que é realmente importante, não contando tempo, a distância, não havendo verdadeira ausências mas apenas lapsos de tempo, que demoramos a voltar a cruzarmos-mos para não nos voltarmos a largar a mão.

Não há festa definitiva, não há obrigação de refeição certa, apenas a esperança e a certeza de um regaço doce!

Estou aqui sempre!
M