segunda-feira, 11 de abril de 2011

Linhas!

Viajo ao ouvir-te, interrogo-me sempre como tu, Amiga minha, tens essa força toda cravada em ti, que se solta cada vez que pisas um palco, misturando-te com ele, dando voz à tua alma/coração!
Nunca esquecerei a primeira vez que tive o privilégio de te ouvir, fiquei como assim colada ao chão, paralisada por uma enorme emoção. Obrigado pelas palavras do blog e dos textos, mas nada se compara à tua voz!

Apenas as linhas por ti pedidas:


Hoje

Acordo presa na secura da garganta, de quem te chorou noite dentro. Perturbada nem sei se pelo sonho quase doce de te tocar, se pela desilusão de picos de glória, e essa tua ausência. Esse bater de porta onde há apenas restos de mim!
Cansada desta dor que não me ultrapasso, imbuída em mágoa e saudade. Sei que também te sofres, mas também te conheço o suficiente para saber que continuas a cantarolar apesar de nunca saberes a porcaria da letra. Sei que brincas com a dor, finges-te de profundo em altas considerações sobre a dureza da vida, disfarçando assim a dor de nós, e a vergonha que tens tatuada em ti por me teres ensinado a cor do arco-íris, o prazer de andar à chuva, quando tu agora por aí, nesse mundo distante e difuso, vives como assim que acobardado, entre chapéus-de-chuva e xaropes para a tosse.
Atreveste-te a sorrir! Sorri à vontade pelo menos eu fui seguindo assim sem nunca me misturar na lama humana apenas para ter alguém para levar à missa que nunca chegas de facto a comparecer.


Amanha

Sei que vou partir deste inferno da minha alma cravejada de desgostos e preocupações que não alcanço vencer. Encurralada nesse beco que criei, mas em que não encontro sequer uma saída digna.
Tempo foi passando e não descortinei que viajava sem rumo, não me apercebi que rumava em direcção ao abismo. Sinto-me aos poucos a enlouquecer por não sentir nenhuma melhoria, nem nenhum caminho por mais duro que ele seja. Espanta-me ainda a indiferença do povo que navega na nave ao meu lado, à distância de um toque, um sms, ou um beijo.
Revisito o meu percurso na tentativa de me aperceber se também fui assim como que mázinha para os outros, mas não encontro nenhuma falha assim tão grave para este penoso caminho de solidão e dor!
Provavelmente crime grave terei cometido para tal castigo!
Gostava de voltar a esse velório apenas como uma brisa para tentar vislumbrar algumas falsas lágrimas!


Queria ter essa força poderosa de saber escrever linhas dignas dessa voz, mas parece que o meu desespero se apodera das teclas, volta sempre e sempre, mais forte do que eu.
Como precisava dessa força da alegria de fazer assim amor sem pressa, num domingo ensolarado à beira mar, flutuando na maresia de verde-mar. Num abraço fechado tantas vezes vivido que tão preciosamente guardo comigo até hoje.
Não sei bem de quem falo, para quem falo, ou mesmo quem sou, hoje aqui e agora. Sei que tento assim planar num dia de sol à beira-mar, na esperança de reencontrar aquele momento só nosso!


Maria

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Saudade

Tento escutar um som, um sinal, algo de ti. Perdi-te sem me puder dar a esse luxo. Vagueio entre um sorriso tímido e uma lágrima grossa à procura do que resta ainda cravado e encarcerado em mim de nós.
Vacilo entre continuar a lutar ou pura e simplesmente deixar-me ir, ao encontro dessa luz que me puxa como uma atracção que sei que será fatal.

Longes vão os tempos de seres saltitantes gravitando à minha volta, perante a hipótese de algo em mim que fosse sucesso, como sanguessugas ávidas de picar fosse o que fosse. Lentamente tudo se esvaziou, pois os tempos mudaram, o vento sopra noutra direcção.

Não sei se dói mais esse estrondoso silêncio, se uma mensagem ou outra como tivessem alguma compaixão. Momentos em que a luz do dia se funde nesse mar de angústia do silêncio da noite, que pelo menos sonho em voltar a ti. Em ter esse colo de braço forte, em que podia respirar fundo, porque estava protegida.

Nem sequer já me importa a ausência de notícias daqueles “habitués”! Devem ter receio que lhes peça algo. Assim como sempre me ensinaste nestas alturas é que vemos que temos uma ou duas pessoas, o resto é um deserto.
Ás vezes sorrio ao pensar se partisse abruptamente, como ficaria o que resto da alma deles perante o meu adeus.

Assim vou gravitando nestes sentimentos confusos de quem perdeu o norte.


Recordo sempre esses jardins que contigo percorri de mão dada, essa força que me davas, o brilho dos teus olhos.
Entendo agora porque me embaralhei em tantos atalhos e cruzamentos, assim como a fugir dessa mágoa maior que a minha força.

Mas vou assim lentamente afogando-me em nós!

Maria