segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Molduras!



Acordei com o barulho do vento, ainda é cedo, vagueio pela casa, pelas minhas recordações. Passo os olhos pelas várias molduras espalhadas aqui e acolá, sorrisos felizes, roupas catitas, momentos que a máquina fotográfica propositadamente captou para guardarmos de recordação!
Pego no meu casaco e saio para a rua, cansada de tantos bons momentos antigos, passados… Carente de um abraço fechado, passeio sem direcção, mas com a certeza que no meio de tantas caras, alguém me há-de reconhecer!
Revejo tanta gente parecida com figurantes que já passaram na minha vida, vejo-te de grande carro, conheci-te eras um pobretana, mas nessa altura tinhas rosto para todos, agora és apenas uma marca embrulhada em oiro!
Olha por aqui também andas…Conheci-te de Mercedes e agora lá vais nesse carrito com esse ar derrotado, tanta briga pela aparência!
Abafo neste mundo em que nada é como aparenta ser, paro num jardim penso ver-te passar Pai, Mãe, Tio… Apenas miragens de amores grandes todos partidos antes do tempo esperado, como normal!
Busco-te a ti que tantas vezes anunciaste o teu amor por mim, partiste com o nevoeiro, mas sinceramente já não recordo bem o teu rosto cobarde.
Apenas busco o melhor de mim, presa entre um desgosto e outro, assim carente de amor, pela impossibilidade de voltar a acreditar nesse amor tipificado nessa sociedade apodrecida por tanto materialismo.
Entendo que já não passo sem uma causa que me dê força, de me empenhar a ajudar quem precisa e que preciso desse amor fraterno, desse abraço do mundo e para o mundo.
Assim vou fazendo as pazes comigo, enterrando o meu passado mais triste, nesse encontro com tanta gente sem oiro mas com alma e coração!

M

James Taylor - "Fire and Rain"

Fotografia: Manuela de Sá Carneiro

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

When We Dance

Pablo Picasso - "A Dança" 1925

Amar é sofrer, eu ouço dizer
Mas vou duvidar
Querendo ou não
O meu coração já quer se entregar
Não falta lembrança
Aviso, cobrança
Você vai por mim
Mas feito criança
Lá vou na esperança
Eu sou mesmo assim
Quem sabe até não é meu destino
Um amor sem espinhos.
Sou mel da tua boca
Calor dos abraços e tanto beijinhos
Se o sonho acabou
Não sei meu amor, nem quero saber
Só sei que ontem a noite
Sorrindo acordada, sonhei com você
Às vezes até, na vida é melhor
Ficar bem sozinha
Pra gente sentir qual é o valor
De um simples carinho
Te sinto no ar, na brisa do mar
Eu quero te ver
Pois ontem à noite, sonhando acordada
Dormi com você.
João Donato/Abel Silva - "Simples Carinho"

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Em teu Nome!

Procuro palavras que definam solidão, tantas queixas ouvimos, será que falam do mesmo? Será que é falta de companhia? Falta de carinho?
Solidão é mesmo aquele estado quando já nem força temos para o desespero! É um nó na garganta, um aperto na barriga, um desejo enorme que a noite se abata sobre nós, o telefone se cale, a luz se apague, para tentar sossegar. Parar!
Fechar os olhos, e deixa de fingir, que somos isto e aquilo, para sermos um espaço vazio, a flutuar, assim sem destino, sem eira nem beira.
A mente devagar esvazia-se da luz, ficamos assim suspensos no tempo e na nossa solidão. Já nem dor nos é possível sentir, apenas o vazio!
Percorremos um penoso caminho de dor, lágrimas e suor até chegar aqui, a lado nenhum! Começamos por sentir falta de amor, tristeza, desamor, desânimo, vontade de não prosseguir!
Lentamente como se de um cancro da alma se tratasse, pura e simplesmente deixamos de nos estimar, vamos assim caindo nessa espiral de nada!
Como um fotógrafo esfomeado por aquele retrato da sua vida inteira, buscamos alguma imagem no passado que nos faça parar de nos maltratar!
Olhando à nossa volta não conseguimos ver nada de bom para nós, apenas gente apressada que sentimos como capaz de nos calcar, apenas para puder continuar a correr.
Neste buraco negro, apertado e sufocante, onde nem a esperança conseguimos vislumbrar, apenas queremos fechar os olhos e deixar de sentir…

Nesse ponto Flutuo!
Sinto um toque na cabeça.
Devagar abro os olhos.
E vejo-te Menina Coragem!
A minha luz!
Como posso eu ousar ter este sonho, com o teu exemplo diante dos meus olhos?
Há gente boa na nossa frente, basta abstrair do oiro, sentir o incenso, e ter a coragem de amar quem merece e não só quem se ache no direito, por título ou sangue!

Maria
Jota Quest - "O Sol"

Fotografia - Manuela Sá Carneiro



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Vento

Nosso primeiro filme
Uma História Simples.
Mãos suadas pedindo mais que um toque,
Primeiro alimento de um grande amor
Que ansiava ser eterno.

Quero viver o mesmo feeling
Olhar para ti com o mesmo desejo

Uma História Simples
Feita com gente comum.
O amor quer perdurar, mesmo assim,
Simplesmente, como ele sabe ditar.


Quero viver o mesmo feeling
Meu Bem-Querer

(Originalmente publicado no Little Wing)


Bem Luísa só me lembrei desta, não sei se é a gravação certa mas....:))))

Beijo grande
Maria

domingo, 8 de novembro de 2009

Perfeito Coração

"quando o coração pode falar, não há necessidade de preparar o discurso"
Gotthold Lessing
Amália Hoje - "A Gaivota"

Outras formas!


Acordei a meio da noite, ainda estava escuro! Acordei de um sonho contigo, mais um, durante o dia consigo manter-me longe de ti, mas o sonho ainda não consigo controlar.
Não sei se gostava de o conseguir, estes momentos em que sonho contigo, são os únicos, em que desta maneira tenho mimo e carinho.
Vivo nessa correria do dia a dia de hoje, em que mais parece que não há amanhã, reconheço que vivo de sorriso e capa de super mulher, mas sinto-me só!
Só, pelo passado que tantas vezes foi doloroso e sombrio, tantas partidas inesperadas, tantas doenças, tanto desamor!
Contigo por momentos acreditei na vida a dois, na companhia, na amizade e mesmo no amor, tanto fizeste, que me convenceste!
Isso dói-me, não por ti, que de um jeito ou de outro vais caminhando, mas por ter baixado as defesas, e deixar-me levar contigo.

Noites quentes em que me fizeste feliz como mulher, risos e sorrisos entre um cigarro e outro, o mimo, o colo, o teu braço forte, enfim, o teu regaço quente, o meu porto seguro!

Hoje apenas sonho, às vezes, com esse sabor a mel, esse cheiro quente e doce.
Vou tocando a vida para a frente, ou a vida vai-me empurrando, saio do meu quarto para ir beber água, fujo dessas recordações.

Sento-me na sala diante deste teclado, sorrio ao ver as fotografias na minha sala, essas Meninas cresceram!
Como a vida passa a correr, ainda no outro dia aprendiam a falar e a andar, dormem tranquilas, embaladas nos seus sonhos, já nalgumas desilusões, mas bem, espero com a vida na frente.

Acima de tudo vamos contando com bons amigos, e que elas sejam felizes, que lutem por aquilo que acreditam, e que não desistam sem dar explicações.

A vida ganha outro ritmo, de ser solidário com quem precisa, de procurar outras formas de amor, outras formas de amar.
Assim segue a vida!
Maria
Caetano Veloso - "O Ultimo Romantico"
Fotografia - Manuela Sá Carneiro