quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Querida Mãe!

Hoje faço dez anos, queria tanto que voltasses!

Estou cansada de ser tua Mãe, de te ver partir deitada nesse leito de dor e de miséria humana. Definas na minha frente, não comes a sopa que te dou à colher com todo o amor do meu coração.
Essa doença roubou-me a infância, as brincadeiras, o teu colo que imagino quente e doce.
Perguntas-me se estás louca, até aqui achei que sim, mas agora olhando para trás, entendi…
Não, Querida Mãe não estás louca, estás doente de dor, e desse sangue que o Dr. te enfia pelas veias, ele não entende nada! Só precisas de amor e de carinho, que acreditem que não és louca, apenas sofres! E só sabes sofrer em silêncio, ou zangada!
Eles não entendem que até as tuas gargalhadas são de dor, por isso soam diferente, não és louca, és incómoda!
Sabes, eles não querem assumir que te criaram no abandono, que te “deram” a criar, porque o teu olhar era triste, a mendigar amor. Eles só gostam de crianças risonhas, sem questões, que gritam por tudo e por nada. O teu olhar reflecte o que te fizeram, até depois de morreres continuaram…
Mas eu amo-te Mãe, muito, do fundo do meu coração!
Sei que um dia te vou encontrar, que me vais pegar ao colo, num encontro há muito marcado!
Estou pronta Mãe para te devolver o nosso nome!


M
Caetano Veloso - "Podres Poderes"

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Paz



(adoro a voz da Rosinha...)

sábado, 19 de setembro de 2009

A Escolha

"Aquilo que nós mesmos escolhemos é muito pouco: a vida e as circunstâncias fazem quase tudo"
John Tolkien
Djavan - "Se"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O que ficou por te dizer!

Olho para ti, dormes. Sossegada! Como te embrulhas com este calor em mil cobertores! Vim em paz e pela paz. Vim tirar-te esse frio da alma de vez.

Continuas um amor, sossegada, com esse ar de Anjo. Sempre foste um doce, calma, calada, sempre com os teus botões. Nesse sossego aparente cresceu um buraco cinzento, de dor, aflição e tristeza. Não tenhas medo Querida!

Apenas venho repor a verdade, não te assustes, apenas te sussurro amor e carinho. Sim, sou eu! Vim libertar-te dessa guerra que fazes contigo mesma, desse mar revolto de ânsia de não te amarem.

Algumas coisas importantes ficaram por te dizer, e outras têm que ser clarificadas. A primeira e talvez a mais importante de todas é que não parti embrulhada em loucura, mas sim em dor. Em sofrimento de viver esse pesadelo que vives de não ser amada. Hoje sei que me amaram tanto quanto podiam!

Não é doença, não é loucura, é sofrimento e falta de coragem de demonstrar amor, para receber amor. Sim Querida coragem de amar e de ser amada! Não de questões, de guerrilhas promovidas pelas eternas comparações de demonstrações de afectos, quando não há duas pessoas iguais! O amor e afecto, o carinho não tem medida, apenas sentimento, o que fazemos a uns, podemos não conseguir fazer a outros, ou simplesmente faze-lo de outro jeito.

Essa é a mensagem que quero que deixes entrar no teu coração, como se ouvisses o canto doce de um pássaro, chilrar-te ao ouvido um bom dia de alegria! Essa luz e energia pura, uma onda de calma e amor, que irá desfazer e contrariar esse eterno mar revolto, que te está a consumir.

Uso esta maneira, deste jeito, pois é a única maneira que tenho de chegar a ti, através de alguém que ambas amamos com tanta força, ela é a portadora da minha mensagem!

Ela aceitou ser a portadora, porque também me entendeu e perdoou algumas “patifarias”, e a razão delas. Entendeu que eram apenas um jeito triste de pedir amor. Hoje sei que o amor é um caminho de paz e luz, pena só o ter entendido tardiamente. Mas vim repor a verdade, pedir perdão e deitar-te a mão, conduzir-te a esse caminho de paz e de luz.

Dizer-te que vais começar a ter paz, desde que abras o teu coração à luz. Sei que és linda por dentro, quando consegues sair dessa tensão criada por essa insegurança, que não tem razão de existir. Confia em mim e em ti, deixa-te embalar pela luz quente, respira fundo, agradece a vida, ela é uma dádiva, que devemos viver com amor e intensidade.

Sei que vais acordar diferente, que vais começar a ver a luz e o amor, no fundo é tudo tão relativo!
Amei ver-te dormir!

M

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Down Em Mim

"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto."
Fernando Pessoa
Dé, Bebel e Cazuza - "Preciso dizer que te amo"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Só para ti!

Consegues sentir-me?
Sentes a minha emoção ao mirar-te? Como cresceste! Que linda estás!
O meu orgulho transborda ao ver-te. Sempre disse que eras inteligente!
E esse olhar doce que diriges à Mãe, que ternura me faz!
Sinto que “esse” amor incondicional está semeado entre vós.
Agora sei que irão alcançar a paz, prosseguirem como pessoas determinadas e firmes.
Sempre na vossa solidão mas em paz e harmonia. A justiça de um futuro mais calmo desceu e instalou-se na vossa casa.
Tens um brilho, uma alma sorridente, transbordas esperança e paz.
Agora sim, finalmente posso partir, sei que a ajudarás a escrever a vida, com mais amor e segurança.

Viagem!

Sei ao que vieste! Vieste buscar o que imaginas ser o resto de mim, mas lamento, tenho más noícias para ti! Sim sou mesmo eu que te escrevo, calma, serena e mulher. Não já não sou filha desta, neta daquela, sou mesmo eu! Inteira e coesa, tanto quanto é possível ser-se depois de um caminho atribulado.


Lamento mas não adianta puxar-me e repuxar-me, porque só vou para onde escolho ir, tenho raízes de bem, e pelo bem. Cansei-me de me arrastar nessas tuas viagens desnorteadas, ou melhor, norteadas pela loucura.


Sei que posso escolher, sei escolher, e não me tentas. Estou tranquila, podes acenar à tua vontade, porque eu não vou contigo. Tenho o meu caminho na frente, a minha gente que me ama e que me segura.
Confesso que em tempos me assustaste, beliscaste o meu equilibrio, sendo que de ti saí, mas nunca me senti vinda de ti, nem para ti.


Algum dia isto teria que ter um fim, e sabes não me vencerás, estou cansada de fingir que não te vejo, que não te escuto, ignoro os teus sinais, as tuas pancas e travessuras.
Basta, cansei-me de brincar a este jogo de esconde/esconde, de ser o que não quero ser, de fingir que não te vejo, só para não ter que te enfrentar.
Basta! Agora sei que te que posso enfrentar, sei que a tua loucura não é contagiosa, e sei que te vou enterrar!

Maria

sábado, 5 de setembro de 2009

Abres-me a porta?



Deixa-me entrar, espera não te recolhas! Não tenhas medo, apenas te quero dar a mão, aquecer alma. Mostrar-te a luz, o centro de tudo, do bem!


Permite que a luz entre em ti, anda, nada tens a temer. Sente a brisa, quente e fria, que te vai aliviar esse ferida que transportas desde sempre. Abandona em mim essa menina triste, expõe essa ferida dilacerada ao ar, deixa-me expurgar esse veneno maligno.


Sente a magia do amor, não carece essa mágoa. Abre as asas e voa comigo!


Não Amor assim, não! Chega de voos picados, necessidades atabalhoadas, plana comigo, deixa-te transportar para outro lugar.


Vem e olha ali a luz, a paz, sai da sombra! Não tens que ser assim forte e destemida, podes chorar e rir ao mesmo tempo, não Querida, isso não é loucura, é vida! Confia em mim e na luz. Vive a magia da vida, a força da luz, a tranquilidade do meu beijo doce, apenas precisas de acreditar no amor.


Não Amor não és louca, és apenas tu, retraída na dor desse espelho manchado pela dor e pelo medo. Baixa essa defesa infernal, essa inquietude brutal, sim estou a ver as tuas lágrimas, são água pura Querida, não é sangue!


Sossega! Estou aqui pelo bem.
Debruça-te na luz, fecha os olhos e olha-te!
Vês como és linda?
Sorri, isso Querida!
Vês?

Maria

sexta-feira, 4 de setembro de 2009