domingo, 28 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

April In Paris

"sempre que alguém ganha outro tem de perder, sempre que um lado cresce outro fica mais baixo, sempre que algo nasce, algo terá de morrer...para receber livros novos é preciso ter espaço na estante"

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não desistas!

Adormeceste assim devagar, devagarinho no meu colo. Pareces um bebé assim desprotegido. Tens um ar sereno e tranquilo. Ninguém diz o que é a tua vida. Lutas incessantes contra quase tudo, quando apenas lutas para te manter à tona e não te afogares. Cansado e dividido entre todas essas personagens que transportas dentro de ti, una vilãos e outros heróis. Encarnas nessas personagens no meio da confusão mental que te obrigas a viver para não sentir a dor. Dores de criança de desamores e rejeições que nunca alcançaste ultrapassar. Nunca te deste a oportunidade de parar para pensares, foste-te lançando assim às “feras” num ciclo infernal e vicioso. Ainda tocaste neste e naquele vício, mas nenhum foi tão brutal como o de te magoares a ti próprio. Nada se compara a essa necessidade de escolheres tudo aquilo que te é mais doloroso, mais complexo e mais atribulado. Julgam-te fácil assim como vives nessa velocidade alucinante, julgam-te arrogante e seguro. Se te vissem agora, aninhado no meu colo!

Do nada agitas-te, inquieto e nervoso. Tento dar-te um beijo que te acalme, uma mão que te sossegue. Abres os olhos assustado! Tentas aperceber-te se estás nalguma guerra que à última hora embarcaste sem te dar conta. Esse teu ar desprotegido gela-me a alma e desperta os meus piores receios.
Há tanto tempo que temo que não sejas capaz de não te magoares a ponto de partires. Tantas vezes vejo nos teus olhos pretos esse desespero que sei que um dia não irás conte-lo. Temo que te abandones de vez.

Sussurro-te a lembrança desse jardim mágico onde te abracei pela primeira vez. Lembro-te as gargalhadas os sorrisos de cumplicidade. Transporto-te para o melhor de ti. Esse rapazola que tantas travessuras fazia, com esse ar sério e inocente, que ainda tens quando te chamo a atenção para a tua falta de cuidado contigo próprio.

Finalmente voltas a adormecer em aparente tranquilidade, como eu gostaria de ser capaz de sarar essas feridas em ti!

Não desistas!

Maria Sá Carneiro

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Escolhas Luísa:)


Lu não encontrei a outra música
Beijão
Maria

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E tu?

Palavras, gestos, abraços e sorrisos! Histórias de encantar, beijos de lareira, mãos entrelaçadas, tantas coisas que ficaram assim pelo metade, por contar, por partilhar. Apenas porque achei que te teria para sempre. Julguei que eu e tu, seriamos sempre inseparáveis. Ainda hoje estou aqui, como que cristalizada pela tua ausência. Sigo praticando todos os gestos indispensáveis a uma existência normal mas despojada de ti. Não é possível traduzir em palavras, já nem em músicas, letras, imagens ou suspiros, a falta que me fazes!
Não sei o que me revolta mais se a tua partida inesperada, se o facto de eu por vezes ainda achar que te oiço chegar. Possivelmente o que mais mexe comigo é não ser capaz de me libertar dessa amarra que me ligou a ti desde que os nossos olhos se cruzaram. Fiquei logo como tua sempre houvesse sido, e tu tomaste-me como tua.
Essa revolta que tantas vezes sinto! Porque me tomaste como tua se essa não era para ser a verdade?
Essas e tantas outras pequenas dúvidas continuam a saltar nos meus desabafos com os amigos de sempre, que já lhes leio nos olhos a dificuldade que já têm em te visualizar, quanto mais a ouvirem as minhas lamúrias tiradas a papel químico das eternas conversas de ti.
Mas o tempo vai-me arrastando pelo menos imune a essa entrega sem nome que vejo em tanta gente que já nem realiza de que cama se está a levantar.
Escolhi ser fiel a mim, ao meu sentido e à minha verdade. Não sou nem mais nem menos do que os outros, apenas não quero sujar a minha alma ao tentar lavar o meu corpo para que ele se machuque e se esqueça da ternura que encontrei no teu colo.
Não tenho mérito nisso, apenas escolhi não me embrulhar para me afogar.
Apesar de tudo isto e muito mais que não sei pintar em linhas, tenho essa paz de poder olhar para trás e não ver manchas.
E tu?

Maria Sá Carneiro

domingo, 14 de novembro de 2010

I Cover The Waterfront

"terrível é não ter nada que esperar"

Cesare Pavese

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cantas Luísa?




Mudar de vida dizia uma grande Amiga que era um bom motivo para escrever umas linhas, aliás Luísa é muito graças a ti e a algumas pessoas que segui escrevendo algumas linhas. Criticadas com maldade por alguns, que pretendem ler “mais “ do que está escrito. Mas essas linhas reflectem apenas momentos do que vejo, sinto nos outros, intuo nas linhas e contra linhas de momentos, e eu, claro!
Tudo o que fazemos tem pedaços de nós, dos outros, do mundo. Há dias que têm luz e dias mais tristes. Escrever também é para mim um bom exercício para a alma se expurgar de dores antigas, caducas, e de dores de sempre, para que essas não fiquem para sempre.
Estou muito grata aos meus amigos/as pelo apoio que me foram dando. De coração.
Mudar de vida é sempre um tema interessante, mas para mudar de vida temos que ter o vento a favor, e as circunstancias. Mudei muitas coisas, mas reconheço a minha incapacidade para ser mais um ser saltitante e reluzente, como vejo por aí aos montes.
Talvez esse “buraco” que tantas vezes absorvo no olhar de gente que se arrasta na vida me prenda para que o meu olhar oscile entre a beleza de verde – mar e esse cinzento agressivo. Essa dúvida que já vi nesses olhares de gente que se vai abandonando, é como um chamamento que guardo de infância, as tais linhas uma maneira de crescer.


Essa Mulher que vi e senti, caminhava assim desprendida do mundo, olhar perdido e preso nas ondas brancas. Acho que procurava consolo nessa espuma branca do rebentamento das ondas. Como ela ousava balançar entre viver e morrer, ainda tão jovem?
Aquela dor esmagou-me o peito, cravou-se na minha alma. Aqueles pés arrastavam-se na calçada, desanimados e austeros. Nenhuma margem de manobra concedia a si própria. Rigidez de educação, excesso de banda desenhada, romances de má qualidade. Uma mescla de anos de infância banhada pelas desavenças familiares levaram-na a cair no engodo de um ridículo galã, atravessando e comprometendo assim a sua juventude, nos braços de tudo aquilo que desde criança, jurara não viver, embalada pelo cheiro do excesso de álcool paterno e discussões gritantes.
Queria puder estender o braço, e tocar-lhe. Interromper esse círculo viciado da falta de um abraço chegado, onde ela pudesse ver alguma esperança, retirando-a desse balançar entre vida/morte. Não se trata de histerismo de “aí que me mato”, trata-se dessa dor mental, agravada pela dor do peito e o descolorido da alma. A falta de força de não ter resistido ao primeiro fado que lhe cantaram, Cansada dessa solidão onde teve que ser pau para toda a colher, desiludida consigo mesma, assim se deixou chegar, ao que sente como um beco sem saída.

Luísa cantas-lhe uma música de encantar?

Maria Sá Carneiro


sábado, 6 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"She"


Não carece de me justificar seja a quem for, até porque já quase que partiram todos. Podes achar que é um desabafo, uma queixa, uma lamúria, pois a minha lágrima não tem sal que te atinja. Sei disso! Gostas assim à bom/boa “portuga” de apenas…criticar.

Nomes/caricaturas/risos/olhares seja lá o que estampa a tua face/maldade, a esta hora, digo a ti, a ti e sim a ti também, que me estou nas tintas por achares o meu discurso desconexo. Claro que é! Textos…. Dizes tu!

Mas sabes têm alma, têm cor, têm dor. E sim tem sempre uma mão mágica de alguém que me dá colo, me pisca o olho, e que sempre esteve por perto, e estará.

O tempo corre contra/a favor as nossas dores, dores que vão ficando mais longínquas, e dores que me fazem tropeçar, quando o vento frio da realidade me visita de noite sem se fazer anunciar. Aquele imaginar de janela aberta em noite sem luar, onde o vento bufa no meu ouvido todos os meus falhanços e derrotas, tantos que perco a conta, no descontrolo da bulha se acordo e o sacudo, se me deixo embalar por essa dor surda, de saudades de Mãe/Pai/Tio. Tento, esforço-me por ver vitórias/sucessos/alegrias que me arranquem desse sono confuso/difuso onde me perco e afundo.

Dias dizes tu que de mim gostas, momentos que passam.

Sonhos/pesadelos que me vão afastando desse circo social onde as gentes se abanam e sacodem ao ritmo de infernal de sei lá bem o quê.

Essa carapaça que se vai colando a nós, essa irritação de julgamento fácil e impune, onde não alcanço metade de mim, ou do meu reflexo. Não me quero por em bicos de pés, sou de saltos baixos, a minha face ainda ousa corar, de quando em vez. Apenas sei que tu sabes a minha dimensão, quando me dás a mão entrelaçada do meu passado todo.

Sei que estás sempre por aí. Aos outros perdoo de coração o mal que me fizeram carregar, sem que alcançassem o buraco onde me debati para crescer/aprender a sobreviver.

Contigo navego na emoção de digerir as minhas dores, e troca-las por pequenas alegrias.

Não isso não corresponde à minha verdade, não me faço de triste, nem tenho prazer em parecer triste, busco apenas o meu eu.

Assim vou seguindo…

Pelo menos com verdade!

Maria Sá Carneiro