sábado, 30 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dor!




Os teus olhos expressam esse desespero de órfão, a tua face pálida gela-me a alma. Não sabes como hás-de pedir ajuda, pois já ninguém te dá esse crédito horrendo de morte/vida. Já não tens no teu saco amarelo mais cartões de pontos! O cartão vermelho já está descolorido de tantas vezes to terem chapado na cara. Não sabes o que hás-de fazer nem dizer. Já só queres mais porrada nesse resto de corpo mutilado para calar essa dor que nem tu própria sabes justificar. Lâminas aguçadas fizeste crivar no teu corpo, como se esse sangue ao correr vermelho e lento, te desse novas do teu sofrimento. Esse sangue te expurgasse a alma que não se cala aliada ao que ainda te é possível entender desse pensamento que corre e se atropela. Queres ter a coragem de por fim a esse caminho lento que percorres e obrigas a percorrer. Mas algo ainda te trás à tona dessa fronteira cada vez mais ténue da vida. Se calhar continuas a esperar que ele volte, que a vida ande para trás e voltes a ser essa menina e moça, sentada nessa sala colorida, nesse colo forte e seguro. Ainda ouves as histórias que ele te contava, embala e encantava. Será essa a razão da tua dor?
Serão essas entregas falhadas, de promessas de amor eterno, em que te lançaste nesses leitos frios, que te pesam na consciência?
Tentas descortinar um atalho, um apeadeiro, algo que te traga de volta a essa normalidade de pseudo família, que te critica e censura, tratando-te como um espinho feio e cruel, que a todo o preço querem esconder.
Ninguém está livre de cruzar essa fronteira, de se deixar esmorecer, de lentamente ir-se entregando à verdadeira dor do sangue. Sei que no fundo até os entendes, gentinha que necessita de mostrar harmonia, de se agarrar a essa bandeira apodrecida da famosa instituição família.
Penso e repenso como te hei-de dar a mão, como entendo que é apetecível desistir de lutar, de segurar esse estandarte que não reflecte a realidade.
Amores adiados, amizades interesseiras, e tu e a tua dor!
Dia após dia vais-te afogando…
Se eu ao menos soubesse soletrar o teu nome!
Juro que embarcava contigo!

Maria Sá Carneiro

domingo, 24 de outubro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Fio da navalha!

Um estado entre cá e lá. Um impasse. Uma paragem repentina. Um momento em que nos falhamos. Uma travessia atribulada num cruzamento em hora de ponta! Paramos, escutamos e nada ouvimos, para além do zumbido da nossa solidão!

Estás na minha frente, estático! Olhos grandes, pretos, lindos/parados. Mergulhado no teu silêncio interior, olhas-me para além de mim. Tenho sérias dúvidas se me estás a conseguir ver. Olho para esses pontos pretos como suplicando que passes no meu verde, como um apelo fraterno para que vivas. Num pequeno instante de esperança esforço-me para que te foques em mim, tentando assim retirar-te dessa paragem, dessa falência espiritual/humana, fria/dolorosa, distante e sem fim aparente que te coloca assim…Sem nada! Como entendo e alcanço a tua hesitação sincera em não continuar. Não é habitual em ti, não está no teu código, daquilo que sou capaz de equacionar. Em ti acostumei-me a ver um lutador de maratonas de fundo, incansável. Ou seria o meu desejo?


Empurras o teu velho carro de supermercado outrora famoso mas falido. Agarrada a ele impões esse teu ar sempre distinto. Cabelos brancos/imaculados pelos anos, cabelo milimetricamente apanhado e gorduroso. Não sei o que me choca mais, se o teu ar distinto, o teu cabelo gorduroso, ou a tua coragem de a tudo/todos teres virado as costas, para viveres nesse mundo apenas teu. Ou será que a tua tranquilidade, a tua paz, me fazem questionar-me de mim ainda com mais insistência? Ou o meu desejo de me juntar a ti, nesse vida sem nada, mas com tudo aquilo que não consigo encontrar na minha gaiola já gasta da tinta dourada que afinal nem esmalte era?

"Afinal quem sou eu? "


Maria Sá Carneiro

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Silêncio!




Esta palavra acordou gravada/colada a mim. Infiltrou-se na minha pele, tatuou-se na minha alma. Não sei se é o cansaço/desânimo, a tua falta Pai que me deixaste tão cedo, se é mesmo o estado geral de tudo/todos, nos extremos das tias loiras de BW cheias de arrogância e oiro, ou se és tu Mulher!
Mulher que ar tão tristonho! Mulher de hoje e de amanha, carregada com esse peso maior do que tu, com esses “putos” tantas vezes insuportáveis de ranho /ira, que tudo exigem de ti. Esse teu ar com o aro dos óculos partido corta-me o coração. Talvez também veja a minha imagem reflectida!
Essa palavra silêncio não descola de mim. Não quero falar com ninguém, ouvir essa surdina permanente desse telemóvel que não se cala, esses meios altamente electrónicos que nos acabaram com aquela sensação confortável de fim de dia. A toda a hora é hora de lamentos, exigências, pressões e mais que tais!
Massacrada por essas etiquetas que nos atribuem como se fossemos vacas Cornélia dessa pseudo sociedade rota, um nome dá “direito” a uma porcaria de rótulo, com código de barras/críticas. Beta/betinha que pasmam por saber limpar merda. Merda de tempos isso sim!

Queria puder ajudar-te Velho que cruzas a rua com esse ar tão abandonado… Carregas esse saco de compras pesado, onde vendes os teus biscoitos de sempre, na esperança que te sorriam, que te comprem um pedaço de vida, que o tempo te tira com dor e sofrimento. Admiro a tua habilidade/necessidade de inventares tantas histórias para eu te arrematar o fundo do teu pesado saco de vendas caseiras. Sim sei que foste operado, sei da placa que te puseram na perna, mas também sei, como tu sabes, sábado após sábado fingimos não saber, para que te oiça mais uma vez…. Continuo por aqui.

Tanta gente precisa de um olhar, um toque, um carinho, a todos esses queria chegar! Sim sei que me lês e pensas que parvinha a armar-se em boazinha. Achas?
Sabes para onde te mando?
Sim é verdade, silêncio! Parece mal!
Onde fica o nosso pedigree pal? Que maçada!

Desculpa este desalinho. Estou siderada com este silêncio. Essa onda gigantesca que se apoderou de mim, talvez vinda do além, já que por estas bandas não se vislumbra ninguém.

Queria mesmo ajudar-te Mulher! Dar-te a mão nessas noites onde as horas passam e não alcanças sossegar, nem um minuto!
Queria puder comprar como está tão moda os teus sonhos, queria afagar-te com aquilo que sonhas ter/receber, essa ambição que tantas vezes se apossa de ti para esconder a tua verdadeira dor do que não alcanças sossegar, desse desequilíbrio/equilíbrio, que apenas não é mais do que sofrimento.

Sei lá eu!
Silêncio!
Não te esqueças...Que autorizaste estas linhas!:)

Maria Sá Carneiro

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Deixas?

O tempo passa e já não me imagino sem o teu sorriso. Lentamente colei-me à tua pele, viciei-me no teu cheiro, o meu olhar inquieta-se quando não te encontra. Cada dia que passa sem te ver é um sofrimento para mim, circunstâncias da vida não nos permitem esse abraço cada vez que o coração aperta! Prosseguimos esse sonho sentido, desse jardim onde me embalas, onde me debruço sobre o nosso amor pintalgado de verde-mar, de suspiro em suspiro vou-me libertando dessa tensão e pressão que a vida nos impõe cada vez com mais intensidade. Apenas sossego no teu colo doce, onde a nossa música toca esse bater quente e lento. Contigo revisito o melhor do meu passado ido, as gargalhadas e traquinices de miúda carente, que tanto tentava chamar a atenção em busca de um pedaço de mimo.
Contigo sorrio e recupero essa garotice embrulhada em jogos de amor recíprocos pela noite fora. Como sonho e ambiciono recolher em ti nesse mundo só nosso, em que o tempo é apenas a diferença da luz do sol para o brilho da lua, nesse abraço nosso/fechado, nessa onda de tranquilidade que me invade no presente e me dá esperança de um futuro melhor.
Essa esperança em harmonia misturada na tua ternura do teu sorriso aberto dá-me alento para contornar essa luta desigual e contínua, nesse crescimento que me assombra de lembranças tristes.
Bem sabes que os rasgos de genialidade são o reflexo da travessia que percorro na minha escuridão interna que tanto detestas!
Sei que me tomas e me assumes como sou, sempre a sacudir a minha inata tristeza, que é tão minha como o meu nome.
Um dia destes deixas-me escrever umas linhas cinzentas pintalgadas de negro para eu expurgar as minhas dores antigas?
Logo de seguida sigo sonhando para ti!
Prometo!

Maria Sá Carneiro

domingo, 3 de outubro de 2010

Deep Waters

"há sempre algo de ridículo nas emoções da pessoa que se deixou de amar"
Oscar Wilde