domingo, 31 de janeiro de 2010

Máscaras



Loucura é esse sentimento que se apossa de mim. Dentro deste círculo labiríntico, onde tudo se desfoca e apenas te salientas tu, loucura!

Quero entrar ou sair, perder-me de vez nesse mundo desfocado em que nada vejo, ou apenas te vejo.

Não consigo sobreviver nessa vida quadrada, ou de pedaços integrais, onde apenas encontro o sal no mar, no por do sol, ou em ti, loucura!

Quero revoltar-me, sair de mim para me entregar àquilo tudo que dizem que não “devo”. Pesos antigos de um passado que me persegue e que se me impõe. Regras essas que sempre repudiei mas que verdadeiramente nunca deixei de ignorar!

Esses conselhos plástico/éticos/sociais que me oiço tão desgraçadamente dar às minhas filhas. Juízos de valor aproximados, aproximações de conceitos enraizados, que sei que pouco valem ou importam para ser realmente livre e feliz!

Quero abandonar-me dessa vida plástica, do levanta e deita, onde sinto que me transformo num robot de mim, sem realmente nada ter feito de humano.

Mergulhar nessa onda do mundo, onde se viva com verdade, paixão e amor.
Eu assim te escolho! Loucura!

“Insane” dirás que eu estou, não fui sempre?

Quero pisar relva que seja erva verde e não uma “erve” de nome francês, onde os meus pés nada sentem! Onde o calor é suor, as lágrimas são uma festa na cara e não mil consultas de terapia.

Renuncio aos enfeites de natal dos chineses, à neve artificial, às árvores plásticos e parto assim para essa viagem interior.

Viagem que de facto já começou há muito, apenas por vezes me distraio e esqueço do que é realmente importante. Saio do meu caminho e deixo-me levar nesse mundo psicadélico de virtualidades circunstanciais.

Mas essa chama que me alerta e clama dentro de mim, essa necessidade que se apodera de mim, essa revolta dessa vidinha pequena, transporta-me de novo para a procura da minha verdadeira essência.

Esse amor que senti em miúda quando me levas a passear, conversando comigo, de mão entrelaçada.

A esse amor tentarei prestar homenagem, na procura da minha verdade.

Um beijo

M
Mariza - "Loucura"


(http://www.fotosearch.com.br/DSN004/1766703/)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nós!

Dispo-te com o meu olhar,
Como desejo tocar-te!
Misturar-me contigo para sempre,
Como a vida parasse já.

Apenas eu e tu!
Deitados nessa praia,
Preciso de te amar,
Ter-te assim nos meus braços!

Num abraço forte,
Mão na mão,
Rendo-me assim,
A nós!

M

Chico Buarque - "Medo de Amar" (Vinícius de Moraes)

Viragem!



Brigo comigo desde que acordei, apetece-me fugir de mim. Cansada desse stress contínuo de quem tudo faz e em nada se concentra. Escapa-me o pensamento, fogem-me as ideias para esse estado de libertação, onde só há espaço para a loucura!

Loucura de sentir, de voar, certo seria planar, mais próprio para a idade que avança sem pedir licença. Mas render-me a essa pseudo idade tipo senhoril, quando as emoções ainda voam em mim?

Esse estado conveniente de equilíbrio, de certeza, de bem com a vida, mas afinal que vida?

Se os sonhos não avançam, não quero render-me a esse relógio de todos, mas não para todos. Pensas que hoje estou pior do que o habitual?

Que me interessa o que pensas?

Afinal que raio de coragem tens tu?

Umas linhas aqui, outras ali, em geral de lamentos de tudo o que podias ter tido, mas nada ousaste! Assim seguiste arrastando um sonho que não chegaste a alcançar, assim continuas uma cá outra lá!

Julgaste que eu iria assim continuar, pálida e pura, esperando que a idade te permitisse nada mais temer?

Engano teu, em mim nasce e renasce a ousadia de voar, desse ninho estático, com cheiro a passado, assim me vou libertando de mim, de ti!

Já sou capaz de me irritar, de me zangar…até!

Chega desse estado,estagnada daquilo que podia ter sido bom, se tivesse fluido ao ritmo do relógio da vida.

Vou assim prosseguindo o meu caminho interior, com um sorriso de mim, no mar. Essa força que olho com paixão, que aos poucos me vai dando energia para voltar a sentir, voltar a desejar…

Assim vou voltando gradualmente ao meu corpo de mulher, aos meus pedaços recalcados com o tempo de adolescente que foge às aulas para apenas, espreitar aquele menino bonito de olhos transparentes, que um dia sonhei amar.

Sai-me a voz cá de dentro com força e esperança, sei que já sou capaz de encantar, e de me voltar a encantar!


Amar e tocar assim devagar... Com todo o tempo do mundo!

M
Cássia Eller - "Segundo Sol"
Fotografia - Manuela Sá Carneiro

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

Tempo!



Faz horas que tento dormir, arrancar-te da minha pele, entranhas-te em mim, fico sem entender onde começo e onde acabo, sinto-me assim uma extensão de ti. O teu cheiro mistura-se com o meu, tornando-se assim uma fonte permanente de desejo!

Fecho os olhos mas apenas vislumbro os contornos do teu corpo, o teu sorriso rendido ao meu beijo quente, no teu abraço fechado. Essa mistura de amor, desejo, essa entrega de corpo, alma, coração e pensamento faz com que continue por horas presa nesse labirinto mágico, onde vimos o por do sol!

Onde perco a noção do tempo, dos deveres, das necessidades, porque pura e simplesmente bastas-me tu! Assim… Apenas com esse sorriso terno, esses olhos de gente pequena que sabe amar, assim como se de gente grande se tratasse.

Quero ficar aí nesse recanto onde o tempo é o nosso, fixar essa vela ardente que faz que nos percamos na meia-luz, iluminados por essa paixão ardente, que não abranda.

Não sei onde me perdi ou onde me fixei em ti, sei apenas que não alcanço partir desse lugar, não consigo imaginar-me longe de ti, trago-te sempre aqui, na minha mão que com tanta ternura entrelaças na tua.

Dirão que estou apaixonada, direi que encontrei um abraço fechado que sempre procurei, por agora, por muito ou por pouco tempo, esse momento vive em mim e para além de mim.

Não quero sequer pensar em tempo, essa noção pertence a outro mundo, que não deste que falo!

Vou ficar aqui, à espera do momento em que nos voltemos a cruzar e a entrelaçar!

M

Melissa Etheridge - "Piece Of My Heart"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Uma história de embalar!



Entraste devagar no meu quarto que estava a meia-luz, sentaste-te na minha cama.

A minha cama antiga que já foi tua, os nossos lençóis brancos de sempre, esses! De linho amarfanhado pelo tempo e pelo amor!

Sentiste a minha angústia de menina, o peso do meu passado centrado nesse momento. Medo de adormecer sem sentir o aconchego dos lençóis no meu corpo.

Olhei para ti, pedi-te uma história mesmo já sem idade de a ouvir, os teus olhos já cansados da hora, conseguiram brilhar para mim.

Aconchegaste-me a roupa junto ao corpo, aqueceste-me a alma e o coração com esse olhar terno. Fizeste-me sentir que não estava sozinha.

A tua mão tocou o meu cabelo num gesto calmo, terno e seguro.

Sussurraste ao meu ouvido, sabes quando vou deixar de gostar de ti?

Nunca!

M

Vanessa Rangel - "Tudo Com Você"

sábado, 9 de janeiro de 2010

Apenas eu!



Mais um ano que passa e faz-me pensar de novo em ti! Já ninguém suporta ouvir-me falar de ti!

És mais do mesmo, sempre o mesmo!

Hesito escrever estas linhas, medo que me critiquem por continuar a ser assim lamentavelmente tua, medo que pensam lá vem ela…

Já me apercebi que não está na moda o amor incondicional e puro, parece, dizem que agora é tudo mais descartável!

Parei aqui junto ao mar, busco força e ar fresco na brisa salgada, procuro energia para mais um ano!

Um ano novo que começa quando ainda tenho tantos anos desarrumados que me perseguem!
Encosto-me a ver o esplendor do por do sol, lindo! Os reflexos espalhados entre a fronteira do mar e do céu!

Procuro razões para te teres afastado assim! Just like that!

Entendo também que é difícil esquecer-te, não só porque confiei-te o melhor e o pior de mim, mas porque nunca cheguei a entender o teu afastamento. Essas dúvidas foram-me corroendo alma e amassando o coração. Esse tempo que passou não é real, foi tempo de fora sem reflexos para a minha descolagem de ti!

Para muitos é o tempo real que conta, mas para mim precisei de outro tempo. O tempo de entender que eu sempre soube que o meu caminho era contigo, que fizeste-me acreditar que o que tínhamos entre nós era um projecto comum, de uma vida iluminada por esse por do sol quente de luz, esses reflexos brilhantes no mar, esse cheiro de maresia. Uma nuvem aqui e acolá….

Amarfanhei-me e culpei-me muito por ti!

Hoje sei que quem nos traiu foste tu! A nós e ao nosso sonho!

Aqui e agora inspirando essa força e cheiro desse mar revolto sei que vou abandonar essa culpa, essas dúvidas, sei que não vives no teu melhor, não que te deseje o pior! De jeito nenhum!

Apenas sei que chegou o meu tempo de viver, viver de bem comigo, sem carregar o fardo de algo que nunca quis. Assim o farei prosseguindo o meu caminho, livre desse peso que hoje deixo aqui na noite que começa e será dia para mim.

M

Simone e Ivan Lins - "Começar de Novo"

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Certas Coisas

"quando eu pensar que aprendi a viver, terei aprendido a morrer"
Leonardo da Vinci

(e como disse hoje uma amiga minha "vidas!")

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tu!



Queria poder tocar-te uma vez mais,
Lembrar-te as nossas palavras mágicas!
Ouvir o teu murmúrio doce e quente,
Sentir o teu calor e o teu cheiro!

Queria apagar a tua partida,
Parar o tempo naquele momento!
Acordar de novo nos teus braços,
Com o teu beijo quente!

Dói-me essa solidão de ti.
Rodeada de tanta gente.
Quando apenas me faltas tu!

M

Zelia Duncan - "Catedral"

Fotografia - Manuela Sá Carneiro