Não sei me dói mais a traição do teu silêncio, se a tua traição no silêncio, aqui fui ficando feita boba, apática, na suave esperança que um dia voltarias. Para nós!
Pura e simplesmente não me deixaste, foste deixando-me, mas com algum requinte, uma palavra aqui, uma mensagem acolá, um gesto, uma música, ou apenas sombras, reflexos de um grande amor, que se calhar apenas existiu, em mim.
Vais viajando de sítio para sítio, mas bem sei que ainda não saíste de sítio algum, vais-te arrastando no teu orgulho, de macho, recusando sentimentos de todos, por alguns.
Aparentemente fiquei encostada a esse lugar, com a áurea de vítima, é mais fácil para muitos, assim me classificarem, do que enfrentarem o facto de eu ter tido a sorte de viver um amor.
Fiquei muito tempo parada na tua traição, na agonia do arrastar do tempo, a saudade, a dor, a revolta. Com o ridículo de não me terem entendido, mas sei o que valho, ridículo é quem não tem a coragem de se entregar!
Hoje sei que o tempo não para e que já pouco serás daquilo que ainda guardo, tempo, cansaço e desgaste, por ti também passaram. Eu conservei-me nos meus sentimentos, tu lutaste contra ti. Essas rugas ressequidas não passaram por mim.
Vou seguir a minha viagem, dedicar-me a tantas coisas que anseio descobrir, luzes e imagens, que através dos outros sei que descobrirei a minha luz.
A ti desejo o que quiseres!
Maria
Djavan - "Um Amor Puro"