Ter saudades é como uma pequena comichão na alma, um arrepio no coração, um peso adicional nas costas já cansadas da correria. Não é gostar de ver, é precisar de ver, sentir, tocar, aspirar esse cheiro próprio dos nossos amores. As minhas Filhas tocam-me sempre, quando me dizem cheiras bem, cheiras a Mãe!
Amar é querer ver o outro feliz, nem que isso implique a nossa tristeza, ou o nosso afastamento. É desejar que quem está inevitavelmente condenado a morrer por doença, parta depressa, para não sofrer mais. É tanta coisa amar realmente alguém, e no fundo apenas pequenos momentos, um beijo, um abraço, um olhar, uma festa ou um mergulho em verde-mar.
Ao longo da vida vamos perdendo pessoas importantes e que amamos muito, é uma tarefa dura, aprender a viver sem eles e para eles.
Gosto de escrever, alivia as minhas dores e organiza-me o pensamento, se é que isso é possível! Apesar de gostar de publicar, estranho algumas reacções de quem julga que entende do que falo e de quem falo. Às vezes nem eu sei bem do que falo ou de quem falo, que importa isso? Não ofendo ninguém!
Não escolhi ser triste, não suporto é meias verdades, ou mentiras, assim vou fazendo este exercício de pensar, pensar e pensar.
Procuro a minha essência, que sei ter sido adulterada por um péssimo casamento, com alguém mal formado, tinha eu apenas dezoito anos. Assim condicionei uma boa parte da minha vida, tendo claro duas filhas que amo muito.
Não procuro que me entendam ou me consolem, procuro por mim, estranho-me muitas vezes, sendo essa estranheza muitas vezes pintalgada no meu escrever. Tem muitas vezes cor de verde-mar, esperança, como tem dor, cinzento, preto. Nem sempre escrevo de mim, mas sempre para mim, sendo certo que tem sempre pedaços da minha alma. Quer se goste ou não!
A razão de eu escrever estas linhas foi um comentário no blog, a falar de compaixão, por mim mesma, fiquei arrepiada, não me considero nenhuma desgraçada, apenas alguém que não quer cair na sua própria desgraça. Tanta gente tem uma vida mil vezes pior do que a minha, não me queixo, reflicto apenas.
Algumas pessoas muito simpáticas fazem o favor de me ir lendo…O que me também sem margem para dúvida me dá alento para continuar.
Mas compaixão?
Jamais!
Sei bem quem sou e o que procuro!
E com quem posso contar.
Maria Sá Carneiro