sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dor!

É um vazio imenso, um nó que me bloqueia a garganta, castrando até a minha vontade de tossicar. Qualquer gesto que procure para aliviar esta dor profunda, não o encontro! Não me restam forças para nada!

Luto contra essa apatia a que o meu corpo se entregou, tento não me vergar a ele. Está cansado, estafado, esvaziado de qualquer sentido, desde que me abandonaste. Desde esse dia que me perdi da vida, do canto dos pássaros, do cheiro da maresia e da luminosidade da lua.

Sinto-me dividida na pessoa que te ama e no bebé que tantas vezes adormeceu no teu colo, fiquei presa no teu beijo doce, no teu cheiro intenso e no teu abraço fechado. Estou no mesmo sítio em que me largaste. Aí defino de ti em mim. Tenho saudades de me entregar a ti, de te sentir entrar em mim, desse momento mágico da união dos nossos corpos/almas/corações.

Como fui feliz nesse nosso sonho contigo. Aqui continuo amarrada a nós, atracada no mesmo sítio, entre a morte que me vai chamando, e vida que se arrasta cada vez mais entediante e dolorosa.

Não fui capaz de te fazer feliz, tomei-te como parte do melhor de mim, entrelacei-me em nós, entreguei-te a menina perdida de toda a minha infância, na esperança de uma vida melhor.

Assim decido partir de vez desse sacrifício maior do que as minhas forças, procuro na escuridão do desespero a coragem de me lançar nesse abismo libertador, na última viagem para adormecer na paz, sonhando que estou na nossa cabana de sempre, esperando o copo de leite morno, de quem verdadeiramente cuidou de mim.

Cobardia? Não creio! Apenas coragem de ser livre para escolher não sobreviver ao melhor que jamais senti!
M

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