segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cantas Luísa?




Mudar de vida dizia uma grande Amiga que era um bom motivo para escrever umas linhas, aliás Luísa é muito graças a ti e a algumas pessoas que segui escrevendo algumas linhas. Criticadas com maldade por alguns, que pretendem ler “mais “ do que está escrito. Mas essas linhas reflectem apenas momentos do que vejo, sinto nos outros, intuo nas linhas e contra linhas de momentos, e eu, claro!
Tudo o que fazemos tem pedaços de nós, dos outros, do mundo. Há dias que têm luz e dias mais tristes. Escrever também é para mim um bom exercício para a alma se expurgar de dores antigas, caducas, e de dores de sempre, para que essas não fiquem para sempre.
Estou muito grata aos meus amigos/as pelo apoio que me foram dando. De coração.
Mudar de vida é sempre um tema interessante, mas para mudar de vida temos que ter o vento a favor, e as circunstancias. Mudei muitas coisas, mas reconheço a minha incapacidade para ser mais um ser saltitante e reluzente, como vejo por aí aos montes.
Talvez esse “buraco” que tantas vezes absorvo no olhar de gente que se arrasta na vida me prenda para que o meu olhar oscile entre a beleza de verde – mar e esse cinzento agressivo. Essa dúvida que já vi nesses olhares de gente que se vai abandonando, é como um chamamento que guardo de infância, as tais linhas uma maneira de crescer.


Essa Mulher que vi e senti, caminhava assim desprendida do mundo, olhar perdido e preso nas ondas brancas. Acho que procurava consolo nessa espuma branca do rebentamento das ondas. Como ela ousava balançar entre viver e morrer, ainda tão jovem?
Aquela dor esmagou-me o peito, cravou-se na minha alma. Aqueles pés arrastavam-se na calçada, desanimados e austeros. Nenhuma margem de manobra concedia a si própria. Rigidez de educação, excesso de banda desenhada, romances de má qualidade. Uma mescla de anos de infância banhada pelas desavenças familiares levaram-na a cair no engodo de um ridículo galã, atravessando e comprometendo assim a sua juventude, nos braços de tudo aquilo que desde criança, jurara não viver, embalada pelo cheiro do excesso de álcool paterno e discussões gritantes.
Queria puder estender o braço, e tocar-lhe. Interromper esse círculo viciado da falta de um abraço chegado, onde ela pudesse ver alguma esperança, retirando-a desse balançar entre vida/morte. Não se trata de histerismo de “aí que me mato”, trata-se dessa dor mental, agravada pela dor do peito e o descolorido da alma. A falta de força de não ter resistido ao primeiro fado que lhe cantaram, Cansada dessa solidão onde teve que ser pau para toda a colher, desiludida consigo mesma, assim se deixou chegar, ao que sente como um beco sem saída.

Luísa cantas-lhe uma música de encantar?

Maria Sá Carneiro


2 comentários:

  1. muitas vezes pensei parar de cantar, mas "tem sempre uma mão mágica de alguém que me dá colo, me pisca o olho, e que sempre está por perto, e estará..."
    segue escrevendo que eu sigo cantando... ;D
    bj grande amiga

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