segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E tu?

Palavras, gestos, abraços e sorrisos! Histórias de encantar, beijos de lareira, mãos entrelaçadas, tantas coisas que ficaram assim pelo metade, por contar, por partilhar. Apenas porque achei que te teria para sempre. Julguei que eu e tu, seriamos sempre inseparáveis. Ainda hoje estou aqui, como que cristalizada pela tua ausência. Sigo praticando todos os gestos indispensáveis a uma existência normal mas despojada de ti. Não é possível traduzir em palavras, já nem em músicas, letras, imagens ou suspiros, a falta que me fazes!
Não sei o que me revolta mais se a tua partida inesperada, se o facto de eu por vezes ainda achar que te oiço chegar. Possivelmente o que mais mexe comigo é não ser capaz de me libertar dessa amarra que me ligou a ti desde que os nossos olhos se cruzaram. Fiquei logo como tua sempre houvesse sido, e tu tomaste-me como tua.
Essa revolta que tantas vezes sinto! Porque me tomaste como tua se essa não era para ser a verdade?
Essas e tantas outras pequenas dúvidas continuam a saltar nos meus desabafos com os amigos de sempre, que já lhes leio nos olhos a dificuldade que já têm em te visualizar, quanto mais a ouvirem as minhas lamúrias tiradas a papel químico das eternas conversas de ti.
Mas o tempo vai-me arrastando pelo menos imune a essa entrega sem nome que vejo em tanta gente que já nem realiza de que cama se está a levantar.
Escolhi ser fiel a mim, ao meu sentido e à minha verdade. Não sou nem mais nem menos do que os outros, apenas não quero sujar a minha alma ao tentar lavar o meu corpo para que ele se machuque e se esqueça da ternura que encontrei no teu colo.
Não tenho mérito nisso, apenas escolhi não me embrulhar para me afogar.
Apesar de tudo isto e muito mais que não sei pintar em linhas, tenho essa paz de poder olhar para trás e não ver manchas.
E tu?

Maria Sá Carneiro

4 comentários:

  1. "apesar de tudo isto e muito mais que não sei pintar em linhas, tenho essa PAZ de poder olhar para trás e não ver manchas"
    consegues tão bem passar para o papel o que vai na alma de tanta gente!! ;D
    bj grande amiga

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  2. Quando era menino, andava na escola, aprendi as definições de segmento de recta e recta, hoje que continuo menino apliquei estas definições a vários aspectos da vida, segmento de recta vs paixão vs corpo físico ou seja uma porção de recta com principio meio e fim
    recta vs amor va espírito é uma linha sem principio meio ou fim, assim entregue consigo perceber que o meu amor vive para sempre comigo, mesmo que tenha partido fisicamente, um abraço de ternura. MOURO

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