sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ecos


Finalmente chego a casa. Mais um dia, mais uma rodada infernal de mim sem ti, e ti e ti. Só me apetece instalar-me no sofá, afogar-me em calor de lareira, bebida forte, charro leve/intenso, nessa mistura de odores fortes, códigos postais de alívio.
Embaralhada em enredos que não alcanço nenhuma solução possível ou exequível, apenas gostava de não ter perdido a faculdade de chorar. Queria mesmo ser uma dessas tantas que por aí saltitam, de lamento em lamento, de bolso cheio e carteira dourada. Que levitam à nossa volta apenas quando pretendem algo de nós. Essa implacável falta de sentimentos que quase parece que somos portadores de alguma doença contagiosa.

Esse bater de porta de casa alegadamente minha, quase me pára o coração, abala-me a alma, faz-me cair de mim e para mim, nessa ilha isolada rodeada de nada. Assim o tempo foge-me entre as minhas mãos calejadas e gretadas pelo frio. Não me lamento, desabafo perante esta onda crescente que brota em mim, em forma de partida urgente de mim.

No meu sofá gasto anseio que se me apegue o calor da lareira, nesse embalo gravado em mim do teu colo doce, nessas tardes de domingo que nos dedicávamos um ou outro. Sim tenho saudades de nós. Saudades desse abraço que me transmitia paz e segurança.
Saíste para voltar mas…

Partiste assim de um dia para o outro, quando finalmente nos tínhamos começado a apreciar. Nessa descoberta que o tempo tinha passado, nesse sorriso entrelaçado de cumplicidade que se estendia dos cozinhados em viagens ao passado.
Já não me recordo exactamente qual de ti é que me faz mais falta, talvez tu da coragem e frontalidade, que apesar de me criticares quase sempre eu sabia que podia contar contigo.

Algumas coisas sentimos como nossas, pedaços de nós, Sítios mágicos que nos lembram o melhor de nós.

Nem sei o que me faz mais falta…

Aqui sigo sentada nessas recordações.
Maria Sá Carneiro

4 comentários:

  1. ups!!
    acabei de chegar e fez um eco danado!
    adorei amiga ;D
    bj grande

    ResponderEliminar
  2. O melhor das recordações é que nos lembram das lutas passadas, que nos trouxeram ao dia de hoje, cada momento lindo ou mau foi portador de uma mensagem importante, para nos projectar no futuro com bases mais sólidas, como a água do rio nunca corre duas vezes no mesmo sitio assim é a vida, amei sempre as minhas memórias porque me mostravam o caminho do futuro, quem delas fez parte estará comigo até ao fim desta jornada de vida, não fisicamente mas numa mais bela e no meu mais belo lugar que é o meu coração, sigo em frente feliz para enaltecer essas memórias devo-lhes essa força. MOURO

    ResponderEliminar