domingo, 4 de março de 2012

Sem título!

“ O que me ofusca não é o que não tenho mas o que não alcanço atrever-me a sonhar. É viver sem a luz do arco-íris embrulhada no nevoeiro que um dia esperei presentear-me com um sorriso aberto de esperança daquele abraço que desde menina e moça paira sobre mim”

Palavras/frases que nos invadem quando alguém nos toca, de um jeito ou de outro e nos dá um pouco de alento. Nesses quilómetros que somos forçados a percorrer, nessa fuga para a frente que cada vez somos mais empurrados a correr, nesse mundo louco.

Pediste umas palavras de mim, como se fosse possível de um momento para o outro, eu poder oferecer-te assim um pedaço de mim. Para que o queres? Para te aproveitares assim do nada, para retirares o que te fascina ao ponto de te excitar, motivar, como eu fosse apenas um pedaço de terra exposta ao teu belo desfrute.
Fazes-me sentir um bocado de nada vezes nada, um pedaço de algodão amargo com o qual brincas.
Brincas a esse esconde que te dá um prazer imenso, essa sensação de pairar sobre uma nuvem carregada de mágoa, sempre preste a rebentar ora de água, a qual te turva a visão e desperta os sentidos, ora de raiva mal contida, que te turva o pensamento.
Por momentos acreditei que realmente querias saber de mim, e não sobre mim. Houve alturas que julguei sentir verdadeiro afecto, verdadeira preocupação por mim, mesmo até alguma necessidade de cuidar de mim.
Hesitei nesse jogo onde o sexo era rei, em acreditar nas tuas palavras, na tua insistência em falar olhos nos olhos. Nesse pedido constante que me entregasse a ti. Que te pusesse no colo a menina que havia em mim, essa sombra/réstia do passado, marcado como ferro quente em cavalo de raça.

Isso motivou os teus sentidos, um bocado de menina, com aparência de boa vida e pedigree. Sentiste mais homem, mais corajoso. Cresceste assim de repente perante esse desafio de possuir a minha mente, quebrar-me, tomar-me em nome as tuas promessas roucas. Fui assim resistindo, resistindo….

Pouco a pouco deixei-me assim adormecer nos teus braços, que me pareciam de gigante, arrepiava-me o teu vibrar pelo brilho dos meus olhos esmeralda, no fundo nesses momentos supostamente de amor e entrega, sempre soube que eram momentos de jogo, nos quais te sentias mais homem.

Deixei-me embrulhar pelos teus instintos com rótulo de amor… Deixe-me fatigar ainda mais pelo sabor da desilusão, de abandono, enfim.

Aqui da minha sala ainda se vê uma fatia de mar, um pedaço de sal, um veleiro ao longe…


Um dia um golpe de génio hei-de ter para apanhar essa boleia para além mar.

Maria Sá Carneiro

Fotografia - Manuela Sá Carneiro


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