sábado, 29 de agosto de 2009

Silêncio


Não sei me dói mais a traição do teu silêncio, se a tua traição no silêncio, aqui fui ficando feita boba, apática, na suave esperança que um dia voltarias. Para nós!

Pura e simplesmente não me deixaste, foste deixando-me, mas com algum requinte, uma palavra aqui, uma mensagem acolá, um gesto, uma música, ou apenas sombras, reflexos de um grande amor, que se calhar apenas existiu, em mim.

Vais viajando de sítio para sítio, mas bem sei que ainda não saíste de sítio algum, vais-te arrastando no teu orgulho, de macho, recusando sentimentos de todos, por alguns.

Aparentemente fiquei encostada a esse lugar, com a áurea de vítima, é mais fácil para muitos, assim me classificarem, do que enfrentarem o facto de eu ter tido a sorte de viver um amor.
Fiquei muito tempo parada na tua traição, na agonia do arrastar do tempo, a saudade, a dor, a revolta. Com o ridículo de não me terem entendido, mas sei o que valho, ridículo é quem não tem a coragem de se entregar!

Hoje sei que o tempo não para e que já pouco serás daquilo que ainda guardo, tempo, cansaço e desgaste, por ti também passaram. Eu conservei-me nos meus sentimentos, tu lutaste contra ti. Essas rugas ressequidas não passaram por mim.

Vou seguir a minha viagem, dedicar-me a tantas coisas que anseio descobrir, luzes e imagens, que através dos outros sei que descobrirei a minha luz.

A ti desejo o que quiseres!

Maria
Djavan - "Um Amor Puro"

6 comentários:

  1. Olá Maria,

    Como te compreendo minha AMIGA,...aí!...como!

    Beijinhos ....E MUITO CARINHO É O QUE TE DESEJO, DE CORAÇÃO...

    Marília Coruche

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  2. “…Há um silêncio absoluto aqui até mesmo dentro de mim… Estou só, acompanhado apenas da minha solidão; por isso, não estou sozinho; estou acompanhado, logo não estou só… Estranho…
    O silêncio penetra dentro de mim sem pedir licença; também não sou capaz de lhe impedir a entrada; ele é tão livre quanto eu e eu, possuidor dessa liberdade, deixo-o entrar e sinto que a excitação que ele me provoca é sinal de prazer… Um prazer proveniente da paz que ele, o silêncio, alberga… Com ele, vem apenas o som da deslocação do ar quando ele chega sem avisar… É que, de repente, só (estando só) o sinto quando ouço o silêncio da sua chegada… Senta-se aqui ao meu lado e vejo perfeitamente que ele me olha de soslaio; mas não lhe ligo importância; quem se julga ele? Alguém de muito especial? Devo-lhe alguma deferência?… Não… Não lhe franqueio sempre a entrada? Então, que mais ele quer? Que lhe dirija a palavra? Não! Mil vezes não! Se o deixo penetrar-me é porque assim o desejo e o quero, em silêncio, em paz, ouvindo-o sem o ouvir; sabendo apenas que ele está aqui… A solidão, por seu lado, essa não se importa muito pela presença dele; já está habituada… Olha-o com desdém como se ele, o calado silêncio, fosse ninguém… Sabe muito bem que ele não me faz mossa; sabe perfeitamente que ela, a solidão, é que é a minha amante preferida, hoje cinzenta (pode ser) mas amanhã, quem sabe, se colorida… É apenas a paz que me traz sereno e me faz sentir o seu frio ameno; é que o silêncio tem temperatura, ora é doce e quente, ora azedo e frio; mas já reparei imensas vezes que quando é azedo se sente um frio ameno; não enregela nem me estremece o corpo; amorna-me a alma e deixo-me ficar na mordomia da sua presença… É tudo apenas um estado de solidão a sós com o silêncio que me faz companhia… Por isso, não esfria… Deixa-me estar como quero… E ele se queda também e fica… Não incomoda… Sabe que a qualquer momento que eu queira, o mando embora; sabe que um grito forte pode, num ápice, cortar o ar que ele deslocou ao chegar… Ele sabe isso e por isso não se preocupa comigo… Mantém apenas um vago olhar… Como quem não sabe se parta ou se deve ficar… Depende apenas e só do meu grito; se este, o grito, do meu peito sair com força, com ânimo, com desejo de ser quem sou e não quem quero parecer ser… O problema com que me debato é saber o que sou ou mesmo até quem sou… Serei eu próprio o silêncio?…” Joaquim Nogueira

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  3. Marília

    Obrigado pelas suas palavras.

    Beijos

    Maria

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  4. Joaquim:

    É uma honra ter aqui este texto! Amo o que escreve.
    Obrigado.
    Beijo

    Maria

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  5. quem nunca viveu um grande amor?
    eu sim.
    da Maria para a Maria.
    bj grande amiga

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