sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vento




Não sei se eras vento ou uma brisa doce no meu ouvido, sei que senti esse murmúrio de amor!

Desde criança que achava que o vento transportava de um jeito ou de outro, desgraças! Recordo-me de estar na cama e ouvi-lo soprar com força, e de me agarrar com força à minha almofada de sempre.

Cresci habituada a não ter medo e a não chorar! Medos esses que perdi no teu colo afectuoso! Fui fugindo assim para a frente por não ter oportunidade de mostrar os meus medos, nesse esconde/esconde entre querer parecer forte e de ser apenas uma criança.

Deixei-me embalar nesse sussurro apaixonado, nessa tua história de embalar.

Aos poucos habituei-me a esse abraço forte, a esse porto seguro!

Deitada assim no teu colo meigo, reconfortada com essa sensação puder ser eu mesma, sem capas, sem holofotes, sem sorrisos forçados!

Poder deixar as lágrimas correr, contar-te os meus pequenos segredos, que sempre tive vergonha!

Sei que foste um vento suave e morno!

Trouxeste-me paz e alegria, fizeste de mim mais mulher e melhor pessoa. Na possibilidade de poder assumir as minhas fraquezas, descobri também que sei ser forte quando amo.

Que também sei dar colo e força, amparo e carinho, tudo isso aprendi nesse teu regaço doce. Como vou assim sentindo a tua falta!

Nesse processo que é a vida de constante crescimento entre a dor e a falta, o amor e a paixão, corpo com falta de corpo, mão que anseia pela segurança de outra mão.

Assim vou vivendo já sem medos de menina, esperando que um dia a brisa me sussurre de novo ao meu ouvido!

M

Cat Stevens - "The Wind"

3 comentários:

  1. Maria,

    Texto " pequeno " mas avassalador e profundo.

    Simples nas palavras mas forte no seu infinito alcance.

    Neste caso, " Nem tudo o vento levou " e, porventura a poeira quando assentou deixou muita coisa para nos ensinar a ser feliz.

    Bjs

    Pedro Nazareth

    ResponderEliminar
  2. Linda a escolha da música, como sempre Lu!:))

    Beijos

    ResponderEliminar