sexta-feira, 16 de julho de 2010

Medos!

Estranhas-me porque esperas que eu seja assim como tu. Vais medindo assim pelo teu metro, às vezes acho ternura por o saber tão genuíno, às vezes revolto-me por não veres as minhas cores laranja/preto, misturado com mar, sal, verde, azul, cinzento. Nessa diferença deveria ser possível a aproximação, a compreensão, e não um muro de silêncio, como uma recusa implícita de a diferença ser um ponto a desfavor.
Vivi anos a fio a tentar ser diferente, a tentar ser uma excepção a esse modelo que interiorizamos de crianças, puras e abertas ao que nos dizem, e na revolta do que vemos fazer nesse dúbio triangulo pais/filhos.
Como muitas vezes brinco uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!
Se nos fosse possível ter a consciência de que educar/formar é uma tarefa gigantesca, não sentiríamos essa revolta da diferença do que é possível. Essa frase do “possível” sempre provocou em mim uma irritação invencível ao meu bom senso, assim como a palavra calma.
A idade vai nos “transformando” ou fazendo-nos render a esse tal de “possível”, a vida vai nos cortando a poesia, a esperança nesse banho de realidade impossível de não ver. Contudo guardo sempre uma reserva de verde /mar, desse voo mágico de mão entrelaçada que me coloriu em criança!


Sonhei de nós nesse sítio só nosso, onde tantas vezes cozinhamos pratos/tapas, entre uma taça de champanhe e a minha habitual mini! Nessa diferença de “nível” de exigência de grupos de consumo, sempre fomos atinando um com o outro. Magia de banho de por do sol, inspiração de amores incondicionais trouxeram-me até aqui…

Aqui neste sítio criado a partir do melhor de nós aguardo-te com o peluche de sempre, que outrora eu classificaria de piroso. Embalada nele vou sorrindo à tua espera, sei que irás sorrir quando os teus olhos nos alcançarem.

Sonho que me perco, me desvio e me descontrolo! Acordada no silêncio da noite escura e pesada! Coração com um batimento descompassado, aperto no peito, fantasmas antigos. Arrepiada estendo timidamente a mão na incerteza que estarás a meu lado conforme o meu maior desejo. É tão premente encontrar-te nesse leito grande demais para os meus medos, que chego a temer o pior!
A minha mão ainda trémula encontra-te num abraço fechado e quente, como eu precisava dessa segurança doce, assim vou crescendo e vencendo essa fronteira que por vezes me enrolava numa tristeza antiga de mais para ser consciente.
Assim me vou rendendo ao teu colo!
Maria Sá Carneiro

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