quarta-feira, 19 de maio de 2010

Caminho!

Vim para te falar de verde-mar. Sim do nosso verde-mar! Essa mistura doce/salgada em que nos embrulhamos nesse abraço quente/frio onde nos vamos descobrindo. Sei que o teu maior desejo é ver-me feliz, se eu te conseguisse desenhar como isso é estranho para mim, vá não te zangues já escuta-me. Sente o fluir do meu pensamento, agarra a cor da minha alma, plana comigo nessas linhas em nos construo. Sei que sou maçadora por questionar-me tanto, por pensar tanto, mas pelo menos não vivo para lamúrias lentas e cinzentas. No meio de alguns arrufos que nem se parecem connosco, tenho a certeza que o teu desejo de me ver feliz, é tão forte como o meu de te fazer crescer naquilo que considero o abraço de almas coloridas e pintalgadas de verde-mar. Não te estou a julgar, nem a criticar tão pouco, apenas ambiciono que voes comigo e te deixes embalar nessa dança colorida onde o sol se põe e a lua nasce. Preciso que escutes de mão entrelaçada na minha a esse murmúrio lento de quem realmente ama, e não teme sofrer alguns dissabores, em troca dessa entrega repleta de estrelas e cometas.
É interessante esse conhecimento gratuito que tanta gente tem de realmente conhecer o “outro”, apenas de o ver passar…
Tantos anos levamos para nos apercebermos de quem é quem, de aprender a distinguir a maldade da bondade, o gratuito do ocasional, dessas tantas atitudes quer por vezes parecem gestos magnânimos, e tantas vezes são apenas gestos mesquinhos de se fazerem sobressair apenas por não terem a coragem de assumir que o que realmente pretendem é protagonismo.
E tentam assim com um jeito de entendidos comentarem aquilo que ou só querem para si, ou apenas invejam.
Sei que te choca a minha lucidez e consciência da tristeza que me assombra cada vez que me distancio de nós, cada vez que me visitam os pesadelos que transporto em mim desde criança, e que me consomem como eu apenas fosse um fósforo queimado e abandonado na berma do passeio. Mas ter essa consciência não é negar ao direito de ser feliz, mas apenas lutar para entender o mais íntimo que se afoga na minha alma quando não estou no teu colo seguro.
Sei que muito se chocam e até se atrevem a achar que escolho ser infeliz, mas a verdade não é essa, apenas me recuso a andar em carreiros onde me sinto pouco gente.
A ti e por ti continuarei nesse caminho da verdade onde sei que cada vez que te reencontro mergulho nessa imensidão verde-mar.
Maria Sá Carneiro

2 comentários:

  1. Tocou fundo. Consegues encontrar palavras para aquilo que eu acho é o sentimento de todos nós seja individual ou colectivamente num dado momento das nossas vidas e independentemente do próprio sentimento em si. Talvez por isso toques na alma de tantas pessoas.
    Na minha tocaste. E fiquei feliz. Porque senti!

    Beijo imenso

    ResponderEliminar
  2. Querida Zó:

    Fico mesmo orgulhosa das tuas palavras.
    Tu tens um coração enorme!
    O que seria de mim sem ti?
    Beijo enorme

    ResponderEliminar