domingo, 9 de maio de 2010

Colo!



Olho para ti ainda dorida pelas horas lentas que demoraste a chegar…Os meus olhos turvam-se, não sei se de alegria, de emoção, ou de medo do futuro.
Em mim e dentro de mim, partilhamos meses de vida, em que fui feliz por te ter só para mim. Longas conversas de esperança, de tudo o que te queria dar, do melhor em há em mim, para receber de ti um sorriso doce de amor. Amor esse para sempre e de sempre!
Sonhei ser para ti tudo aquilo que lamento não ter recebido, aquele regaço de peito de Mãe cheio, aquele abraço de mel, carregado de esperança de porto seguro, onde poderias atracar, sempre que a brisa te tocasse a alma e te turvasse o coração.
Esperamos sempre dar aquilo que julgamos que nos faltou, aquilo que nos preenche e nos torna confiantes para a vida e o amor.
Assim nos fomos conhecendo face a face, ao mesmo tempo que de maneira oposta fomos interiorizando que a escolha de quem te devia carregar também nos braços, não teria sido a mais feliz.
Anos passados dou-me conta de ainda não alcanço no que falhei, mas a única certeza que possuo é que continuo a carregar em mim o bebé que nunca consegui sossegar. Tentei contigo, tira-lo de mim ao fazer feliz. Fazer de ti um ser humano capaz e forte, para o meu bebé crescer nessa esperança de futuro melhor.

Sigo sonhando sem capacidade ou força de secar essas lágrimas nocturnas sempre que penso no colo de mel, que me vai escapando, sem razão aparente. Não entendes, sei que não! Mas colo não se troca por pequenos atractivos materiais ou pseudo publicitários. Colo é algo que seca as lágrimas, sossega a alma, consola o coração, é um sopro de vida, uma brisa com um sorriso.
Sei que falo e que não me escutas, mas espero que pelo menos tenhas conseguido embalar o teu bebé!
Sigo conversando de mim para mim.
Maria Sá Carneiro

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