segunda-feira, 15 de março de 2010

Metade do resto!


Vislumbrei-te no meio de muitos, faz hoje uma semana, certa! Estava eu num semáforo. Como o teu semblante me ficou gravado na memória.

Mulher que carga carregas tu! Tanta amargura e tanta desilusão. Ver-te assim abandonada de ti, farta da tua vida, transportou-me para tantas fases da minha vida, e tantas vidas com as quais me vou cruzando! Assim seguias rua fora, dor na alma, saco plástico na mão direita, bolsa já gasta na mão esquerda. Arrastavas esses quilos extra que eu arrastei durante tantos anos. Que dor levavas no peito! Tanta desilusão, e tanta carência de amor e carinho. Tive o impulso de parar e ir ter contigo…

Ainda hoje me pergunto porque não o fiz. Falta de coragem minha, falta de força. Arrependo-me.

Tantas vezes necessitamos de um espelho na frente, que nos faça parar dessa correria do nada para o abismo. Alguém que nos dê a mão e nos faça pensar, chorar, ou que simplesmente nos diga que gosta de nós. Provavelmente terás um emplastro que nada faz lá em casa, e que apenas te aguarda para massacrar, já bêbado! Gordo, suado, maçador e que te maltrata! Ou então nada disso, apenas te ignora, porque tem algures um emplastro ainda maior do que ele! Na minha imaginação deves ter dois filhos, altos e magros, que julgam ter direito a tudo!

Queria ter-te dito que não foste linda só no passado! Que novos já fomos todos. Magros e sonhadores! Mas que poucos têm ainda nessa meia-idade essa capacidade de sofrer calados, e continuar a “servir” assim todos aqueles que impunemente continuam a abusar do teu generoso coração. Tantas mulheres que se abandonam para se dedicar a “esses” que a deveriam amar e cuidar, do mesmo jeito incondicional. As pessoas mesmo as mais próximas habituam-se com muita facilidade a receber sem nada dar em troca. Tornaste-te assim num pronto-socorro pronto a ser usado e abusado. Devia ter parado, mais que não fosse para te dar a mão…

Maria

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